segunda-feira, 29 de julho de 2013

A DESPEITO DA ALFABETIZAÇÃOEM CODÓ: UMA NOTA INTRODUTÓRIA

A DESPEITO DA ALFABETIZAÇÃO EM CODÓ: UMA NOTA INTRODUTÓRIA
A educação tem sido ao longo da nossa história objeto de crítica e discussão entre governo, sociedade civil, organizações sociais de diversos matizes, inclusive, sindicais, na perspectiva de construir um projeto educacional profundamente transformador e democrático para o país. Tal crítica e discussão, contudo, permanece na esteira da superficialidade; quando muito, na obscura lógica teórica e nada mais.
O governo federal, por sua vez, estimula e incentiva sua equipe a elaborar programas alternativos com a finalidade de promover a redução considerável dos perversos e históricos indicadores educacionais que transitam a nossa nação; ao mesmo tempo, propõe alianças e estabelece regime de colaboração entre os entes federados no afã de eliminar tais indicadores vergonhosos. Nesse processo, o principio da autonomia é preservado e, por conseguinte, o ente local tem total e plena liberdade para executar as políticas públicas educacionais elencadas pelo governo federal. Portanto, a relação trina – Município, Estado e União -, podem e devem caminhar juntas visando consolidar o ethos do desenvolvimento local, regional e nacional da educação. O passo indispensável a ser dado, deve apontar para a transparência, pois, o que é público tem de se tornar visível para o povo. Em um Estado laico e democrático essa concepção e essa cultura precisa se transformar em rotina, em algo corriqueiro.
Pensar uma reestruturação educacional em nível local, a gestão precisa coletar dados e, em seguida, tabulá-los, na esperança de que, com todas as informações diagnosticadas no campo educacional, seja possível a inserção de uma nova prática pedagógica, uma nova cultura e de um novo modo de fazer educação em sala de aula.
Após uma ínfima incursão na relação dos três poderes constituídos e suas respectivas atribuições passo, agora, ao pano de fundo daquilo proposto: a alfabetização como problematização no nosso município.
A priori, não pretendo instituir uma guerra ao governo local e, nem tampouco, gerar conflito com a SEMED. Ao contrário, desejo contribuir para o avanço da melhoria e qualidade social de nossa educação. E, pensando nessa possibilidade apresento o seguinte texto.
PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
Ao elaborar este texto, o fiz após ler um livreto escrito pela Profª. Drª. Esther Pillar Grossi, contendo 23 páginas e o Título è: “nenhum a menos alfabetização 100% GEEMPA.
O livreto cor de laranja traz em sua abertura uma Carta endereçada à 13ª reunião do GT das capitais e grandes cidades. Nela, a autora enaltece o trabalho de alguns ícones na questão da aprendizagem cognitiva tais como Jean Piaget, L. S. Vygotsky, Henri Wallon, Emília Ferreiro, Paulo Freire, Sara Pain e Gérard Vergnaud. Nele a autora enfatiza com muita firmeza que é possível sim, alfabetizar o sujeito com seis anos de idade. Demonstra cientificamente o caminho árduo na expectativa de alinhar elementos associados à psicogênese construindo pontes para alicerçar o processo alfabetizador denominado pós-construtivismo, desenvolvido e aplicado com um período surpreendente de alfabetização: de três a cinco meses.  Semelhantemente, conheço somente o Método Paulo Freire que, radicalmente alfabetiza o sujeito em 45 dias. 
Adentrar ao mundo da alfabetização como é esboçado pela Profª. Drª Esther Pillar Grossi nos alivia profundamente e nos enleva, pois, sua argumentação é fruto de um longo processo de pesquisa e reflexão dialética. A autora desmistifica por seu turno, os instrumentos negadores da alfabetização das crianças de baixa renda, aponta os entraves e recoloca na ordem do dia, o ponto fundamental da cultura pós-construtivista: alinhar o conceito de práxis pedagógica conforme o nível de aprendizagem de cada criança, respeitando sua capacidade intelectual de absorção dos recursos e métodos apresentados (não de forma tradicional e mecanicista).
O livreto apresenta um método de ensino inovador e altamente revolucionário. Cabe aqui, distinguir um duplo sentido da prática do método pós-construtivismo: 1. Tal método não exige a reprodução do modelo tradicional de alfabetizar; 2. Ele se renova e apresenta novas formas e estruturas na relação ensino e aprendizagem. Portanto, toda sua tecnologia empregada tem como foco principal a apropriação do saber pelo aluno.
Um ponto interessante descrito pela Profª. Drª. Esther Pillar Grossi é o seguinte: “Este programa tem por objetivo ensinar a ler e escrever a alunos que não o fizeram na idade certa”. A própria nomenclatura designa e configura o papel a ser desempenhado pelo MEC/GEEMPA: recuperar e/ou resgatar o aluno/a que se encontra defasado/a em relação ano-idade e, ao mesmo tempo, revigorar a autoestima destes/as que se encontram completamente estilhaçada. Mediante essa assertiva a preocupação se volta para o aspecto da valorização do aluno/a e, ainda mais, a sua reintegração social podemos assim dizer.
Ao introduzir o elemento distorção ano-idade, nota-se claramente a evidencia de que se deseja uma nova cara para a educação popular. Visto que, a relação social existente e que vigora em nossa sociedade sobre as condições materiais e concretas das crianças que são atendidas pelo poder público e aquelas que são atendidas pelo sistema privado são completamente distintas; porém, não condiciona o caráter pedagógico ser melhor por parte do setor privado por este fator; contudo, penso que, a responsabilidade de fato, é o educador se comprometer com a metodologia, a estratégia e, paralelamente, envolver o aluno de classe popular na mesma perspectiva que é envolvido o aluno da escola privada. E deste modo será possível a inversão da política educacional do setor público em parceria com o MEC/GEEMPA.
No livreto, a Profª. Drª. Esther Pillar Grossi descreve um fato bastante intrigante. Ela mostra uma experiência de uma criança de dois anos e meio que domina a leitura (município de Camaquâ). Ela relata o método utilizado pela mãe da criança: somente leitura em voz alta para o seu filho. Depois escreveu algumas palavras em cartões e ela percebeu que seu filho era capaz de lê-las. Um detalhe: a criança sabe apenas lê, não sabe escrever e nem identificar as cores por que segundo o construtivista norte-americano Jerome Brunner a criança não fora plenamente ‘provocada’. Literalmente, o sentido aplicado aqui é incentivo e estímulo.
  O livreto é enxuto e sintético, e de um alargamento teórico bastante denso.
A METODOLOGIA DO PÓS-CONSTRUTIVISMO É REAL E POSSÍVEL DE SER IMPLEMENTADA: A EXPERIÊNCIA DE CODÓ.
A cidade de Codó foi contemplada com a Assessoria do Geempa além, é claro, de outros municípios maranhenses.
É impossível falar de alfabetização se não mencionarmos o instituto Geempa como instrumento colaborador na luta pela redução do analfabetismo em Codó. E, diga-se de passagem, deu uma valiosa contribuição para a qualidade social da educação, inclusive, dotando o corpo profissional de tecnologia para enfrentar o processo de alfabetização dos aprendentes de forma inovadora e conseqüente no sistema regular se assim o quiser.
A articulação realizada pelo Geempa na perspectiva de promover um período totalmente inovador se deu ainda, no ano de 2010. A primeira Assessoria ocorreu na Capital, a SEMED enviou um grupo expressivo de professores para a formação. A cidade de Codó recebeu duas Assessorias do Geempa. Para nós, foi um grande privilégio.
A recente experiência realizada por este instituto trouxe uma nova concepção pedagógica - e, sem paralelo -, que desembocou numa proporção ascendente no quesito alfabetização. Na verdade, tornou-se uma extensão do sistema.
O nosso município não pode recusar a continuidade da parceria com o Geempa torna-se um ato impensado. Melhor, tipifica o grau de retrocesso, conservadorismo e a completa despreocupação com o processo educacional e seus respectivos indicadores negativos. É extremamente importante que o município continue com a parceria, pois, só tem a ganhar. Não existe argumento que possa contrapor-se ao processo empregado pelo instituo e, particularmente, quando analisamos com a devida atenção os resultados propostos, constata-se a produtividade e os respectivos objetivos alcançados; associados aí, dois elementos essenciais: a autoestima dos aprendentes e a melhoria do ensino. Se partirmos do pressuposto de que as turmas de 2012 obtiveram 90% de alcance das metas estabelecidas, fica evidenciada a potencialidade do método e sua tecnologia empregada com grande aproveitamento.
O principal instrumento aplicado pelo método pós-construtivista é notável, a saber: a) procura identificar o nível de conhecimento que se encontra o educando, e, então, proceder-se-á uma articulação na perspectiva de colocá-lo num patamar evolutivo de apropriação como é o caso das aulas entrevistas Ps1, Ps2, Silábico, Alfabético e Alfabetizado; b) e, afirmar que ‘todos podem aprender’ igual e subjetivamente.
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
Existe diferença entre uma e outra característica no processo alfabetizante e do letramento? As evidencias são claras e objetivas: o ato de o educando apropriar-se tão-somente das letras e de formar palavras não caracteriza um individuo alfabetizado e leitor. Apenas mecanicamente ele consegue soletrar as silabas ou palavras num determinado texto e contexto. O que de fato vai conotar é a sua capacidade laborativa e interpretativa. Ou dito de outro modo: o educando ao apropriar-se do ato de ler ele será suficientemente capaz de inferir uma compreensão dialética de sua leitura e de sua composição textual; aí, sim, ele estará apto a ser, de um lado, um sujeito capaz de expressar seus pensamentos com propriedade e densidade, pois, ele consegue estabelecer distinções entre o pensar e o criar e, de outro, é capaz de sincronizar a decodificação, isto é, ele é forçado a caminhar literalmente no interior do significado de cada palavra elaborada e compreendida. No processo de alfabetização e letramento é impossível o educando não apreender o mecanismo fundamental da leitura dinâmica e dialética. Não há espaço para a leitura mecânica que reproduz a falsa impressão de que o alfabetizando e o não letrado seja apenas atores capazes de balbuciarem as letras e silabas; pelo contrário, o letrado dialético é aquele que se compreende no processo e age como sujeito independente aflorando toda sua profundidade intelectual desenvolvida e revirada.
Portanto, há uma clara intenção da Profª Dra. Esther Pillar Grossi em reafirmar sua tese central evocada no livreto: é possível sim, alfabetizar os educandos a partir dos seis anos de idade.   

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