terça-feira, 6 de agosto de 2013

O VELHO E O NOVO: O QUE É ISSO?

O VELHO E O NOVO: O QUE É ISSO?
A idéia de mudança está intimamente ligada ao conceito do novo estabelecendo ruptura com o velho. A historiografia mundial especialmente na Europa, Ásia e no Norte da América, verificou-se alguns processos de ordem eminentemente políticos que traduziram essa conceituação numa concepção renovada (em 1789, a Revolução Francesa, em 1775-1783 a independência dos EUA da colonização da Grã-Bretanha e, mais recentemente, a Índia, se libertando também, da Inglaterra com Mahatma Gandhi – a Grande Alma -, no ano de 1947; na América Central, Cuba em 1959 e a China em 1949 e etc.). Partindo desses pressupostos históricos podemos imprimir uma avaliação mais contundente e, mais real sobre os últimos acontecimentos ocorridos em nossa Codó envolvendo os políticos que buscam incansavelmente manter o controle do aparelho de estado local. A disputa entre esses políticos assume uma conotação especifica: a de que só é possível transcorrer a disputa pelo poder político pelos representantes da burguesia. O resto é para ajuizar tal fato.
A comunidade codoense (denomino comunidade codoense os diversos setores classificados pela sociologia e sua estratificação social) está em sua grande maioria, completamente divorciada dos fatos políticos recentes – diga-se de passagem, sobre as decisões de cunho histórico tomadas pela Justiça Eleitoral e Ministério Público atingindo os principais líderes locais. O que está ocorrendo na internet sobre tal questão são alguns comentários velados e capciosos que não demonstram a totalidade da opinião pública, pois, percebe-se apenas a evasiva opinião truncada dos pseudocomentaristas argüindo posicionamento herético e distorcida, como se isso, fosse o pano de fundo da verdadeira mudança estrutural no campo político. Outro elemento que insurge como novidade, a partir da matéria postada pelo blogueiro Acélio estimulando a participação do que ele classifica como novo1 e cita um elenco de cidadãos - e, indistintamente -, todos, sob seu ponto de vista, são figuras públicas com capacidade política de serem uma esperança e uma novidade, entendendo assim, um momento de transição de um ciclo viciado completamente esgotado em que a presença predominante das denominadas “raposas” políticas antigas estão fora de questão para dar conta da atual contemporaneidade e suas implicações.
É necessário que façamos uma avaliação mais acurada e responsável sobre esse novo momento. Partindo de uma indagação: ocorrerá, de fato, uma eleição suplementar? Os elementos postos são suficientes? Se os são, inevitavelmente, seremos comunicados oficialmente pela Justiça. E a especulação deixará de ser mera especulação e tornar-se-á um fato concreto. E a partir dessa nova realidade, será o momento de mobilização e articulação entre os diversos campos e forças políticas estabelecendo o dialogo na perspectiva de fomentar a unidade na diversidade consolidando assim, um bloco ou, diversos blocos para disputar o aparelho de estado local.
Gostaria, no entanto, de aprofundar minha opinião sobre essa conjuntura que se apresenta e suas prováveis alterações. Primeiro desejo reafirmar que o processo crítico é construído sobre uma dada base real, portanto, existente. Segundo opero com uma categoria denominada dialética, objeto que trás elementos indispensáveis para uma formulação teórica de um fato social. Terceiro espero não ofender ninguém, pois, o verdadeiro propósito é avaliar com independência e autonomia a nova realidade social oriunda da política.
Iniciemos analisando o caráter político desse processo visando extirpar o véu que encobre o verdadeiro conteúdo político dessa batalha judicial e seus desdobramentos inefáveis.
O ponto fundamental esbarra numa dicotomia histórica: de um lado, a velha ordem sustentada pelas clássicas figuras tarimbadas que nunca tiveram a sensibilidade social de responder à altura às necessidades vitais da comunidade codoense bem como a processualização de um projeto político reformador capaz de proporcionar/alterar as relações sociais e as condições de vida da comunidade codoense - é o que classifico de mandatários conservadores. E, de outro, alguns elementos que – homens públicos pertencentes à classe trabalhadora dispostos a enfrentar os políticos tradicionais e conservadores, p. ex. a lista apresentada pelo blogueiro Acélio, com exceção de um nome que é oriundo da classe alta politicamente representa a extrema direita codoense -, timidamente, ousam enfrentar essa velha ordem. Temos, na realidade, uma eqüidistância bastante significativa quando a questão é a disputa entre os ‘revoltados’ – definição dada pela própria comunidade – no sentido de reafirmar o conteúdo da velha ordem e condenar os ‘revoltados’; como se os mesmos não tivessem a capacidade para governar e, isso, compromete de maneira profunda a perspectiva de inovação contra a velha ordem e a implantação de um modelo democrático e plural.
A perspectiva sob a possibilidade de se constituir uma alternativa nesse processo de alteração do velho e o surgimento do novo fica evidente uma coisa: o discurso propalado de que este – eleição suplementar - é o momento impar para a consolidação de uma unidade entre as diferentes forças opositoras aparece internamente uma dificuldade, a de quem, de fato, será o nome que simbolizará essa unidade e que tenha força social para aglutinar em torno de si uma parcela considerável da comunidade para legitimar tal mudança. O novo grupo que proclama para si a responsabilidade do papel renovador deve ter consciência plena da brutalidade que enfrentará durante o processo eleitoral, a velha ordem não se considera derrotada nunca e estará sempre procurando se safar para permanecer no controle do aparelho de estado local.
Na verdade, quando há uma viabilidade entre as distintas correntes opositoras ocorre um processo de estereotipização ao nome que vai representar a unidade opositora. Explicito tal fenômeno pelo fato de já ter se manifestado em nossa cidade na década de 1990. E o PT era o carro-chefe desse processo político! Houve equívocos tanto de ordem tática quanto estratégica e o resultado desse processo se manifestou na secundarização do PT que, por sua vez, perdeu o “bonde da história” e agora, serve somente de força para as elites comandarem o aparelho de estado local. Espero que nesse novo momento não seja reproduzido o mesmo receituário.
Essa ‘garotada’ – repito, com exceção de um dos nomes que representa a classe dominante e o pensamento dessa fração partidária é de extrema direita - apontada pelo blogueiro Acélio que acreditam na esperança e na mudança e expressam essa utopia deve ter os pés no chão, pois, uma disputa política contra a velha ordem requer ousadia, compreensão da realidade e, sobremodo, uma proposta alternativa democrática e transformadora.   
A comunidade codoense espera o quê do futuro? A continuidade da hegemonia da velha ordem sob os auspícios de “raposas antigas” que não conseguiram se renovar e ainda permanecem num estagio medíocre de fazer política consagrando e conservando práticas condenáveis e, assim, fortalecendo a cultura miserável do “é dando que se recebe?”. A comunidade codoense precisa se desvencilhar dessa cultura opressiva e atrasada e, para isso, necessita fazer uma opção política pela decisão autônoma e não pela influencia do dinheiro como condição elementar na relação de escolha e de projeto para a cidade.
À hora de irromper com os mecanismos fraudulentos e opressivos é a capacidade do cidadão-eleitor em resistir a influencia do dinheiro oferecido pelas “raposas” esfomeadas pelo poder. A nossa história já sofreu muito com a política de ‘p’ minúsculo.
O lampejo da mudança estrutural que tanto se deseja só será sentido pela comunidade codoense quando, efetivamente, ela decidir romper com o ciclo vicioso nefasto e optar pelo processo de liberdade e autonomia, independência e seriedade. Enquanto permanecer a prática cultural da dependência, da subordinação, da corrupção consentida e da opressão que gera a omissão, jamais haverá uma relação de igualdade contemplada pela coletividade na possibilidade da mudança fundamental.
Enfim, o debate posto sobre a crise política que assola nossa cidade e a perspectiva de mudança substancial está apenas no crepúsculo do inconsciente social, torna-se indispensável que sejam realizados encontros, seminários, conferencias com a finalidade de propor o chamamento de toda a sociedade para inteirar-se dos fatos. Os partidos políticos locais podem e devem realizar suas reuniões e, assim, colocarem-se como alternativas, sugerindo as mudanças necessárias diante do atual quadro de crise. A visível cultura dos partidos em se articularem apenas no período eleitoral compromete toda uma gama de ações mais sólidas com os atores sociais defendendo o programa partidário e acreditando nessa proposta; porém, ocorre um processo vazio de alternativa, ou seja, de repente, aparece um candidato afirmando que é a grande mudança quando na realidade, ele nunca esteve participando de nenhuma manifestação, não é popular, usa de quando em quando a mídia para reafirmar sua insatisfação política com o quadro atual e afirma que é independente e coisa e tal. Ora, fazer política é estabelecer um vinculo estreito com a camada popular permanentemente e, convenhamos, o nome que aparece é muito próximo e típico da cultura burguesa, gosta de status quo excessivamente.
O nosso município está prenhe de facções e tendências políticas cerceando o aparelho de estado local. E nesse pormenor, não se consegue vislumbrar uma alternativa. Basta olharmos os dirigentes e suas relações comprometidas com os setores conservadores, de direita, da extrema direita e, ainda, de centro. Mas o partido mais importante que poderia ser a grande alternativa no porvir próximo permitiu ser dominado e contaminado pelo discurso da extrema direita e abandona por completo seu projeto original de mudança estrutural. Na verdade, ele perdeu o vigor ideológico, cedeu à lógica capitalista e foi capitulado.
Um grande entrave revela a pobreza cultural e teórica das facções e tendências existentes, isto, pode ser observado pelo modo como se desenvolve os processos de luta – eles se dão, ocasionalmente – somente no campo da acusação, violência e da prepotência. Ainda não consegui vislumbrar uma notação teórica coerente e intensa sobre as condições materiais de nossa sociedade traduzindo dessa forma um programa mínimo na busca permanente de soluções para os problemas sociais históricos.
Por fim, proponho às facções, forças e tendências políticas que se digladiam sistematicamente pela apropriação do poder político, que trabalhem na perspectiva de construir um esboço propositivo de desenvolvimento para o município a médio e longo prazo e permita a ascensão de um contingente de trabalhadores desempregados melhorando as condições de suas vidas.
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¹. O conceito novo assume uma característica de renovo, ou seja, de diferente, de renovação e de mudança. Contudo, é fundamental que a sociedade civil organizada aproprie-se dessa nomenclatura de forma dialética para poder compreender o sentido verdadeiro utilizado pelos homens públicos quando o pronuncia e com que estratégia e finalidade para a sociedade civil. É indispensável que a comunidade apreenda esse conceito e formule sua própria teoria – mesmo que de forma simplista – em relação aos fatos e seus desdobramentos e, assim, tenha condições de fazer sua opção de maneira lúcida e autônoma. Portanto, o sentimento de mudança que interage no cotidiano do homem comum apontará para uma compostura mais densa na perspectiva dessa sonhada transformação social histórica. O ponto chave dessa postura se assenta na possibilidade da plena liberdade e na independência cultural, econômica, social, política e ética dos cidadãos que desejam a transformação de nossa ciade.                

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

SEM PERDER A TERNURA E A ÉTICA

        SEM PERDER A TERNURA E A ÉTICA
Ao elaborar este pequeno texto, como sugere o seu título, o fiz apontando duas vertentes propondo uma reflexão mais acurada da relação social entre os atores sociais: 1ª. a necessidade de se avaliar e reavaliar a conjuntura histórica local e seus desdobramentos; 2ª. as condições a que são submetida a maioria dos membros da sociedade civil e sua incapacidade teórica de compreender as circunstancias nas quais se relacionam. Portanto, a nossa mediana potencialidade intelectual visa provocar uma fissura nos processos sociais culturalmente edificados pelos representantes da classe dominante local e, paralelamente, a esse processo de naturalização social, indicar elementos constitutivos para aclarar e fomentar uma discussão sobre a realidade social, política, econômica e cultural numa perspectiva democrática e libertária.
As premissas mencionadas acima se expressa como pré-condição para uma análise mais vigorosa tanto do ponto de vista social quanto politicamente; torna-se, portanto, uma necessidade. O elemento avaliativo histórico-conjuntural¹ permite que seja possível a idealização de uma sociedade menos injusta e mais problematizadora. Problematizar a tradição, os aspectos sociais, o caráter educacional, a estrutura da saúde, a tipologia cultural local, e etc., indica o nível teórico, organizativo e cultural da sociedade civil na perspectiva de desmembrar os alicerces conservadores que impedem o crescimento e o desenvolvimento social de forma equilibrada e harmônica entre os sujeitos sociais. Nesse processo o que vai gerar e determinar o nível e o grau de desenvolvimento da sociedade será a organização por intermédio de instrumentos populares. Não é possível transpor barreiras e obstáculos se não existir um contraponto que sugira uma alternativa consoante à realidade criticada. O fator primordial a ser posto como elo na constituição crítica da realidade social local é dotar os membros da sociedade civil com mecanismos que sejam suficientes para dar conta das tarefas propostas. Nesse processo, por conseguinte, se introduz temáticas variadas e com a possibilidade de materialização em toda sua dimensão social.  A sociedade civil não pode mais ficar à mercê meramente da vontade exclusiva do líder político que está à frente do poder público para executar e realizar as políticas sociais. É clara a compreensão de que o Poder Público tem a responsabilidade de implementar as políticas, contudo, é imperativo que a sociedade civil se manifeste de forma contundente e dinâmica. Todo processo social requer uma articulação planejada e com uma proposição demandando as principais reivindicações de caráter político e social. Apesar de haver tido uma grande conquista sob o ponto de vista constitucional em relação às urgentes necessidades do povo, compete agora, mais do que nunca, que o próprio povo se arme para enfrentar a inércia por parte dos órgãos apropriados na execução daquilo que está garantido na Carta Magna e faça a coisa acontecer.
É nesse peculiar horizonte teórico que proponho o necessário e instigante processo de avaliação histórico-conjuntural para servir de parâmetro a uma nova concepção política local. Dito de outro modo, através da organização de células sociais por bairros é possível sim, desenvolver atividades pontuando determinados campos e áreas de seu interesse. O objeto aqui posto tem uma finalidade: propor à sociedade civil codoense uma profunda discussão sobre o papel histórico do individuo enquanto ser social interventor na construção de uma cidadania desenvolvida, democrática e progressista. A reflexão sem dúvida semeia a teoria e a teoria propicia ao homem a condição elementar de interpretar o mundo de forma dialética, e dialeticamente propõe sua inevitável transformação revolucionária. Pensando nesse espectro, reafirmo, incondicionalmente, que, o revolucionário apaixonado pela causa popular entrega-se de corpo e alma em defesa de suas crenças e opiniões, por isso mesmo, ele jamais perde a sua ternura e, tampouco, abdica de sua ética como princípios inegociáveis.                    
A virada do século 21 trouxe consigo uma nota sublimada²: o desmantelamento da ética humana. Parece que tudo gira em torno da decadência, da indecência e da destruição. A razão perdeu seu norte e o irracional torna-se o ponderável. Esta naturalização social, certamente, propiciará um alto custo ao individuo e à sociedade civil como um todo.
Quando questiono o papel histórico-social do individuo e a possibilidade de sua intervenção na História, na Política e em outros setores sociais, é com uma nítida preocupação: a de encontrar na sociedade contemporânea homens capazes de declarar publicamente suas convicções, sem, contudo, se subordinar a quem quer que seja ou, se coloque numa condição de inferioridade, simplesmente pelo fato deste ou daquele sujeito ser abastado. Entendo que a relação social entre sujeitos deve ser precedida, indubitavelmente, pelo respeito; este componente é primordial para se estabelecer uma relação social harmônica e saudável. A partir dele, estaremos construindo os pressupostos imprescindíveis na perspectiva convergente. O individuo não pode ser neutro no percurso histórico em que está presente, muito menos, se transformar em ‘massa de manobra’ de outrem; o que o torna inválido e menosprezado (os dois termos aplicados aqui, em relação ao individuo, infere um conceito de desagregação e de dissolução da dignidade desse sujeito, de opressão mesmo). Por isso, a condição intelectual se constitui numa importante operação dinamizadora da capacidade teórica enquanto ser que se relaciona e objetiva sua subjetividade. O principio da relação igualitária socialmente independe da condição socioeconômica dos sujeitos, o que pressupõe a liberdade do individuo é a sua força moral, intelectual e ética; o fator econômico não é determinante numa relação social entre os atores sociais, mas, sim, a capacidade de argumentar, emitir e contrapor opiniões com autonomia, independência, responsabilidade e consciência social.
A realidade social construída na pós-modernidade enfrenta problemas de ordem ético-moral onde tais valores estão sendo compilados e submetidos a um processo degenerativo e, claramente, irreversível. A conduta e a condição humana na atualidade (contemporaneidade) expressa o viés da lógica balizada na cultura antiética. A virtude, portanto, deixa de ser um componente essencial na relação social e passa a ter uma função invertida, pois, o sujeito no contexto histórico contemporâneo está encantado e deslumbrado com a idéia de se tornar um homem ‘bem-sucedido’ no seio do sistema capitalista e, mormente, sendo alimentado por outros sujeitos que, ao longo de uma imensa jornada de trabalho conseguiu acumular uma considerável riqueza e, com isso, tenta convencer outros de que é possível realizar sonhos grandiosos! A acumulação capitalista é propensa a produzir indefinidamente um bolsão de miseráveis; mesmo aqueles que trabalham, reproduzem gratuitamente, um excedente de capital para o capitalista e sua condição social permanece a mesma ou, então, agrava-se. Ou seja, o trabalhador permanece cada vez mais pobre e o maldito capitalista continuará cada vez mais rico.
Pensar teoricamente uma nova sociedade e um novo homem será preciso recuperar o sentimento de coletividade entre os sujeitos explorados pelos capitalistas. A principal linha de raciocínio permeia o mundo político e quem está no comando. E partindo desse pressuposto, torna-se inadiável que se insurjam novos teóricos capazes de provocar questionamentos importantes como: a participação popular na elaboração de políticas públicas; democracia participativa, propor mudanças na estrutura política – reforma do judiciário, fiscal, política e etc. Talvez sob o ponto de vista ideo-político essa tese esteja bastante ‘desacreditada’, contudo, é fundamental reavaliar sua verdadeira função e importância com a efetiva participação da sociedade civil. A verdadeira concepção de política democrática é aquela em que a presença popular constitui o elo intrínseco direcionando o modelo político de forma concreta – e os membros da sociedade civil organizada, os representantes de entidades de classe, os articuladores sociais e os intelectuais progressistas devem ter como indutor de suas ações um programa alternativo denso e condensado numa perspectiva democrática e libertária. É nesta perspectiva que será possível a conquista do poder político pelo povo.
Mas, deixando um pouco de lado, a questão política e seus tenebrosos desdobramentos, voltemo-nos à questão central proposta inicialmente: o desmantelamento da ética humana.
A concepção pós-moderna de sociedade aponta para o homem um caminho completamente divorciado daquele que se manifesta na igualdade, na liberdade, fraternidade, na transparência, na ética social; enfim, ela pressupõe uma nova cosmovisão ampliada dessa sociedade e seus desdobramentos internos. Vejamos um exemplo clássico disso: o homem é dotado de inteligência, porém, não é detentor de capital, e, então, submete-se a um processo de megaexploração pelo capitalista para garantir sua subsistência a ponto de ser considerado meramente uma mercadoria. Mercadoria na concepção do capitalista é apenas um objeto que se transforma em capital com vida útil datada. Outra característica pós-moderna é a inserção de um discurso  que endurece as relações entre os entes sociais: a competitividade exacerbada. Tal comportamento induz o sujeito a perder sua sensibilidade, tornando-o ‘duro’ e ‘cético’ em relação ao outro. A reprodução social pós-moderna desestrutura completamente os laços de solidariedade entre os entes sociais. Elege, por sua vez, a obstinação pertinaz como elemento intrínseco para o prazer do individuo como vencedor nesse processo violento de competição desmedida.
Finalmente, ressalto a importância do homem para captar a diversidade do campo social, sua dinamização, sua complexidade e compreender seu papel enquanto sujeito histórico, sem ser objeto de outrem. É fundamental redesenhar a arquitetura social e suas teias e colocar-se diante dela com autonomia, descrevendo-a minuciosamente. Se não ocorrer esse mecanismo dificilmente haverá uma projeção em relação ao desenvolvimento de sua cidadania. Na verdade, essa é uma condição necessária e urgente!
 O desmantelamento da ética humana é resultado concreto da alienação pervertida e promovida pelo sistema capitalista de tal modo que o sujeito não percebe o desenlace desse gigantesco edifício social e suas tramas urdidas no interior da sociedade. Ao tomar consciência de si e do mundo o homem se reconhece como ser ontológico. E, para ele, tal descoberta constitui-se numa vertente claramente libertadora, pois, o grau de apropriação dos saberes o colocará num patamar de igualdade e soberania em relação à casta burguesa privilegiada cultural e economicamente. Nesse processo, por conseguinte, estabelece-se uma distinção entre o passado, o presente e o futuro que o próprio ente social poderá trilhar e, ao mesmo tempo, ocupando-se de velar e/ou conservar o valor fundamental de sua dignidade e cidadania: a ética humana.
Quando o homem histórico irrompe com esse ciclo mordaz e deformador, logo em seguida, é posto a toda prova; pois, virá de encontro a ele um discurso moldado à cultura e à prática da maldita corrupção associada à conciliação e em defesa da unidade do atual estágio de coisas existentes. Em todos os espectros característicos dessa deformação ética presente em nossa vivência, o homem sapien (histórico) deverá submeter sua nova consciência a um processo de reflexão dialética, visando reelaborar o conceito ético-social; principalmente no sentido de estabelecer critérios fundantes quando de sua escolha e opção política (ou seja, ser capaz de distinguir um político aventureiro de um político íntegro e coerente com sua história de luta).
Ao tomar conta dessa realidade histórico-social, o homem livre passa a enxergar sua condição humana numa perspectiva real e cheia de possibilidade de ascensão social; melhor ainda, compreende a si e ao mundo. O ato de compreender a si e ao mundo aponta para um caminho de ruptura com o casuísmo, com o naturalismo redundante e com o próprio passado opressor. O homem histórico proclama uma nova forma de relação e comportamento social embasado na liberdade, no respeito e no amor. A interface dessa relação se complementa na unidade do desenvolvimento das estruturas sociais nos mais variados segmentos e, assim, integra-se o fator fundamental para a realização de um processo alicerçado na mudança democrática.
A construção utópica de uma nova sociedade e de um novo homem pressupõe a democracia e, de igual modo, a democracia deve sofrer um processo de agudização e radicalização: democratizar o poder político em que pese a intervenção direta da sociedade civil fazendo prevalecer sua teses renovadoras. Enquanto não correr tal processo dialético a atual estrutura de poder político conservador permanecerá intocável. A ruptura requer, por sua vez, a unidade popular. A única força capaz de dissolver toda e qualquer estrutura de poder é a unidade popular. A unidade popular tem que assumir a condição de movimento progressista com capacidade de induzir fortes alterações na estrutura de poder.
Não é mais possível a sociedade civil conviver com o atraso, o abandono, a falta de perspectiva de crescimento, de desenvolvimento e de qualidade de vida; por isso, tem que se articular sistematicamente experimentando novas experiências de natureza política e social, até recompor o verdadeiro sentido de coletividade e luta engajada. É com esse espírito que se formará uma nova geração comprometida com a redenção e o conseqüente progresso de uma sociedade. Alicerçar uma ideologia nessa nova geração é tarefa de todo teórico crítico e aberto, maduro e provocador; além disso, o mais importante é convencer a sociedade sobre a necessidade de se buscar uma alternativa de mudança propositiva aglutinando forças sociais em torno desse projeto macro. Só assim, será possível estabelecer a ruptura necessária e urgente para tão sonhada mudança efetiva da estrutura de poder.
Enfim, acreditar no impossível é condição essencial para preparar o processo de mudança da estrutura social conservadora onde impera a força opressora e daninha. O povo precisa compreender a importância de sua força e de sua intervenção na perspectiva da transformação do poder político para outro completamente diferente e sustentado na transparência e na democracia. Nesse processo, consigo enxergar de maneira lúcida a construção de alternativas com assento na capacidade do homem renovar-se permanentemente sem perder sua ternura e sua ética.      
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1. A ideia é basicamente aproximar o homem da realidade que circunscreve sua existência numa condição alienante. Portanto, é necessário que ele tome consciência de si e do mundo apreendendo todos os recursos sociais para estimular sua própria ruptura com o processo alienante que, ideologicamente, o aliena política, social, cultural e economicamente e, a partir dessa irrupção, passe a vislumbrar uma nova formulação teórica democrático-libertária. Na verdade, o homem se reconhece como ser alienado a partir do instante que inicia o processo de avaliação da realidade social que o circunda e, logo em seguida - se apresenta na condição de crítico -, estabelecendo uma nova relação diante da realidade social que anteriormente desconhecia como alienada-alienante. Não é tarefa fácil ao homem romper com um ciclo cultural histórico de dominação imposto por uma classe, de um momento para outro. Evidentemente que, a partir da discussão sobre a realidade social ele por si só, perceberá o notável papel que desempenha no seio dessa realidade e, ao mesmo tempo, sua força o empurra para o campo da liberdade e da democracia. Por isso, é fundamental que o homem se torne completo; integral na sua concepção política e na sua formação ideológica; libertando-se das relações de subordinação e inferioridade. O homem deve acreditar em si mesmo como indivíduo social e capaz de superar os processos opressivos construídos pelas elites dominantes.           
2. A história, aparentemente, apresenta-nos uma concepção extremamente valiosa sob o ponto de vista do desenvolvimento econômico (e, nesse espectro, prioriza-se a condição humana numa prospecção verticalista, isto é, introduz o instrumental ideológico para controlar a sociedade e seus mais refinados membros que, diretamente, desejam fazer parte constitutiva do rol de ‘iluminados’ e da casta dominante. Tudo, absolutamente tudo, está subordinado ao mercado, inclusive, o próprio homem como produto vendável (é raro encontrarmos um diamante límpido, livre dos processos maculáveis do neoliberalismo). A sublimação articulada aqui, expressa, por sua vez, a condição estrutural que o homem se encontra e se depara ante a ideologia burguesa. De um lado, temos alguns processos de ordem estritamente políticos (que geraram a fragilização do Sistema Socialista do Leste Europeu – começando com a queda do Muro de Berlim e etc.), e, de outro, a recuperação do Sistema Capitalista (com uma nova nomenclatura de neoliberalismo) dando conta de que é capaz de resolver todos os problemas existentes. Nesse processo circunscreve-se o elemento irradiador da existência do próprio capitalismo: o homem potencializado e produtor. É necessário afirmar aqui, que, tal homem seduzido e encantado pelo discurso da Nova (des) ordem mundial, naturalizou sua própria condição humana enquanto ser social, isto é, ideologicamente. A desnaturalização do processo ético-moral – numa perspectiva histórico-socialista - coloca para o individuo a necessidade de fazer uma opção por um campo moral de forma irredutível, ou seja, romper com o círculo vicioso que consome ferozmente a sua identidade e a própria razão de ser no/para o mundo. Por isso, o homem deve conhecer a si e ao mundo de modo profundo, sem perder de vista sua condição cidadã.       

segunda-feira, 29 de julho de 2013

CRISE E MUDANÇA: HÁ UMA LUZ NO FINAL DO TÚNEL?

CRISE E MUDANÇA: HÁ UMA LUZ NO FINAL DO TÚNEL? 

    Recentemente, ocorrera uma profusa efervescência social em nosso país com uma conotação apartidária e, aparentemente, forjada na sublevação dos oprimidos e excluídos, dos descontentes e dos desencantados pelo atual modelo político e social gerenciado pela presidente Dilma Rousseff. Porém, faço uma ressalva: apesar de concordar com a liberdade de opinião e de pensamento, de manifestação; discordo apenas do modo como alguns participantes agiram desfigurando o sentido das reivindicações; destruindo o patrimônio.
Interessante se faz olhar o outro lado da conjuntura e avaliar com coerência os efeitos dessa ‘magnífica’ mobilização social: o primeiro ponto é a presença da mídia conservadora – aliás, muito visível - ditando e/ou direcionando a pauta da mobilização; segundo, o método empregado pelos participantes – excluindo outros segmentos. Ora, convenhamos, se o caráter da mobilização é de romper com velhas práticas e condenar o modus operandis de outros setores sociais que, historicamente promoveram verdadeiro campo de batalha à vida do povo brasileiro - e, no entanto -, a mídia conservadora não se mobilizou com tamanha ênfase e de forma tão agressiva como agora; portanto, a mobilização deixa de ser democrática a partir do instante em que impede a participação de quaisquer outros segmentos sociais no processo de manifestação, sejam eles, oriundos de cores partidárias ou não, o pano de fundo é um só: a contestação sobre um determinado objeto.
O Brasil, de fato, possui uma dívida histórica com o seu povo: as reformas. Não é de agora que esta temática palpita no seio popular. O reajuste de R$ 0,20, foi a gota para implodir o país sob a presença de centenas de milhares de pessoas em todo o seu território gerando tudo aquilo que testemunhamos. O Brasil enquanto governo respondeu com tranqüilidade e respeito às reivindicações e, neste espectro, a presidente Dilma Rousseff, atendendo os anseios vindos da população, imediatamente apresenta uma proposta condizente com o desejo popular. Introduz a discussão dos grandes tabus engavetados como a reforma política, a reforma fiscal, o financiamento público de campanhas e etc. Dilma, por sua vez, demonstra uma profunda afinidade com os anseios populares e com o futuro do país. Logicamente que, o Congresso - essa eminência parda -, não aceitou a proposta e imediatamente procurou uma tangencia para obstruir essa proposição assentada na vontade popular: o plebiscito. Qual a ilegalidade e ilegitimidade evocar um instrumento constitucional para resolver, em definitivo, o câncer que corrói e destrói a democracia brasileira? Não há, efetivamente, ilegalidade o plebiscito popular para deliberar uma questão central como as reformas. A grande questão é que a cultura política brasileira está subordinada à ideologia das classes dominantes e não aceitam e não permitem a intervenção direta dos seus representados na discussão de temas relevantes. Os representados só servem, a priori, para processar o seu voto indicando-os para ser seus representantes e pronto, a democracia está sendo realizada e exercida pela população. Esse conceito de democracia é muito restrito e medíocre, precisa ser dilatado e, acima de tudo, modificado.
O povo não está insatisfeito com o governo Dilma e, sim, com a classe política conservadora que se mantêm encastelada no Congresso Nacional, um exemplo disso, o atual presidente da Câmara dos Deputados é um dos políticos campeão de mandatos. É um carreirista! Então, é aí que reside a insatisfação popular. Ora é necessário que tenhamos bom senso no momento de nossa escolha política. A sociedade não pode se queixar de seu ato praticado. Enfim, a presidente Dilma Rousseff, colocou a proposta para o povo decidir, porém, o Congresso Nacional não quer isso. Eles querem manter a atual estrutura política e o jogo de interesse por que 95% dos congressistas estão de rabo preso com alguma empreiteira ou conglomerado econômico, além dos fazendeiros e banqueiros que tem seus deputados para defenderam seus interesses no que tange ao agro-negócio, como por exemplo, o deputado federal Ronaldo Caiado, de Goiânia.
A luta da mídia conservadora e da classe política da extrema direita destila insistentemente um profundo ódio ao governo popular de Dilma Rousseff. Tentam por todos os meios desqualificar esse governo. Usa momentos evasivos para gerar um clima de insatisfação ao governo federal, exemplo disso, o famoso e perigoso tomate! Quem não se lembra? Veja quanto custa hoje o preço dele! Tentam, seguidamente, criar um clima de terrorismo e de instabilidade da macroeconomia. Definitivamente, o Brasil possui uma reserva cambial espetacular, (em torno de R$ 375 bi) capaz de superar os cataclismas inflacionários oriundos da Europa e do Norte. É certo que houve uma queda no crescimento industrial, contudo, isso não ocorre somente no Sul, mas, também, na Ásia (veja a China, seu PIB e sua indústria tiveram uma retração).
Acredito copiosamente que o governo de Dilma Rousseff vai superar as crises interna e externa com muita habilidade e estará pronta para enfrentar todos os segmentos radicais direitistas e extremistas como o PSDB, PSB, PPS e CIA. O povo sabe que este governo é um governo legítimo e trabalha para os ‘debaixo’. Os vampiros eternos – inclui-se ai, a parcela da elite dominante paulista, sob o comando do PSDB -, sonham retornar ao poder para promover o festival da privataria como ocorrera com o mandato do vovô FHC, sim, aquele que recentemente fora eleito para a Academia Brasileira de Letras – ABL, negando tudo que escrevera! É o nosso Brasil, lamentavelmente!
O Brasil caminha para o progresso, para o desenvolvimento e para sua independência econômica com o pré-sal.
Apesar de todos os eventos ocorridos, apesar de todas as tentativas maliciosas e cretinas de desacreditar o Brasil enquanto nação poderosa; o nosso governo  será capaz de sair vencedor desse triste episódio custeado pela direita e, quiçá, com ajuda externa! Nações estrangeiras estão de olho em nosso pré-sal, governo da envergadura do de Dilma Rousseff precisa ser conservado para proteger os interesses da nação e do povo brasileiro.
    Pensando nisso, vou propor alguns pontos para reflexão e que sirvam de referencia nos próximos pleitos eleitorais ao povo quando forem depositar o seu voto na urna, escolhendo o seu futuro representante.
Quais são, pois, os critérios balizadores de uma escolha menos equivocada e mais próxima daquilo que imaginamos como ideal para nos representar? Não sou o mais perfeito teórico para fornecer uma orientação, contudo, assim mesmo, me proponho a tal e espero contribuir positivamente nesse sentido.
Critérios a serem observados pelos eleitores que desejam eleger homens para participar da vida pública nas três esferas da federação:
ü  Ser honesto,
ü  Ser Ético,
ü  Ter uma história de luta e um legado de coerência,
ü  Ser comprometido com um programa de governo popular e democrático;
ü  Defender com intransigência os direitos humanos, coletivos e sociais;
ü  Defender homens públicos de vida ilibada e honrados;
ü  Enfrentar os políticos corruptos, sem ter medo e nem se subordinar aos interesses dos grupos hegemônicos e do poder econômico.
O eleitor que observar esses critérios incorrerá menos em equívocos e, certamente, não se arrependerá de ter votado num candidato com essas características e não pelo fato de ser amigo ou, então, por que ele lhe deu alguma espécie de contribuição financeira no dia da eleição. Quando você notar as intenções de políticos peçonhentos, fuja deles!
A realidade social brasileira é caracterizada hoje por uma política de distribuição de renda e eliminação das desigualdades sociais gritantes que persistiram até o inicio do século 21 em sua primeira década, agora, têm-se uma nova realidade assentada na justiça e equilíbrio social.
O PT é governo. O PT é povo! O povo sabe disso. Por isso, apesar das crises, o governo será capaz de enfrentá-las e, apontará uma saída mostrando uma luz no fim do túnel! Viva o povo brasileiro, já dizia o nosso ícone da sociologia tupiniquim, Darcy Ribeiro.    

A DESPEITO DA ALFABETIZAÇÃOEM CODÓ: UMA NOTA INTRODUTÓRIA

A DESPEITO DA ALFABETIZAÇÃO EM CODÓ: UMA NOTA INTRODUTÓRIA
A educação tem sido ao longo da nossa história objeto de crítica e discussão entre governo, sociedade civil, organizações sociais de diversos matizes, inclusive, sindicais, na perspectiva de construir um projeto educacional profundamente transformador e democrático para o país. Tal crítica e discussão, contudo, permanece na esteira da superficialidade; quando muito, na obscura lógica teórica e nada mais.
O governo federal, por sua vez, estimula e incentiva sua equipe a elaborar programas alternativos com a finalidade de promover a redução considerável dos perversos e históricos indicadores educacionais que transitam a nossa nação; ao mesmo tempo, propõe alianças e estabelece regime de colaboração entre os entes federados no afã de eliminar tais indicadores vergonhosos. Nesse processo, o principio da autonomia é preservado e, por conseguinte, o ente local tem total e plena liberdade para executar as políticas públicas educacionais elencadas pelo governo federal. Portanto, a relação trina – Município, Estado e União -, podem e devem caminhar juntas visando consolidar o ethos do desenvolvimento local, regional e nacional da educação. O passo indispensável a ser dado, deve apontar para a transparência, pois, o que é público tem de se tornar visível para o povo. Em um Estado laico e democrático essa concepção e essa cultura precisa se transformar em rotina, em algo corriqueiro.
Pensar uma reestruturação educacional em nível local, a gestão precisa coletar dados e, em seguida, tabulá-los, na esperança de que, com todas as informações diagnosticadas no campo educacional, seja possível a inserção de uma nova prática pedagógica, uma nova cultura e de um novo modo de fazer educação em sala de aula.
Após uma ínfima incursão na relação dos três poderes constituídos e suas respectivas atribuições passo, agora, ao pano de fundo daquilo proposto: a alfabetização como problematização no nosso município.
A priori, não pretendo instituir uma guerra ao governo local e, nem tampouco, gerar conflito com a SEMED. Ao contrário, desejo contribuir para o avanço da melhoria e qualidade social de nossa educação. E, pensando nessa possibilidade apresento o seguinte texto.
PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
Ao elaborar este texto, o fiz após ler um livreto escrito pela Profª. Drª. Esther Pillar Grossi, contendo 23 páginas e o Título è: “nenhum a menos alfabetização 100% GEEMPA.
O livreto cor de laranja traz em sua abertura uma Carta endereçada à 13ª reunião do GT das capitais e grandes cidades. Nela, a autora enaltece o trabalho de alguns ícones na questão da aprendizagem cognitiva tais como Jean Piaget, L. S. Vygotsky, Henri Wallon, Emília Ferreiro, Paulo Freire, Sara Pain e Gérard Vergnaud. Nele a autora enfatiza com muita firmeza que é possível sim, alfabetizar o sujeito com seis anos de idade. Demonstra cientificamente o caminho árduo na expectativa de alinhar elementos associados à psicogênese construindo pontes para alicerçar o processo alfabetizador denominado pós-construtivismo, desenvolvido e aplicado com um período surpreendente de alfabetização: de três a cinco meses.  Semelhantemente, conheço somente o Método Paulo Freire que, radicalmente alfabetiza o sujeito em 45 dias. 
Adentrar ao mundo da alfabetização como é esboçado pela Profª. Drª Esther Pillar Grossi nos alivia profundamente e nos enleva, pois, sua argumentação é fruto de um longo processo de pesquisa e reflexão dialética. A autora desmistifica por seu turno, os instrumentos negadores da alfabetização das crianças de baixa renda, aponta os entraves e recoloca na ordem do dia, o ponto fundamental da cultura pós-construtivista: alinhar o conceito de práxis pedagógica conforme o nível de aprendizagem de cada criança, respeitando sua capacidade intelectual de absorção dos recursos e métodos apresentados (não de forma tradicional e mecanicista).
O livreto apresenta um método de ensino inovador e altamente revolucionário. Cabe aqui, distinguir um duplo sentido da prática do método pós-construtivismo: 1. Tal método não exige a reprodução do modelo tradicional de alfabetizar; 2. Ele se renova e apresenta novas formas e estruturas na relação ensino e aprendizagem. Portanto, toda sua tecnologia empregada tem como foco principal a apropriação do saber pelo aluno.
Um ponto interessante descrito pela Profª. Drª. Esther Pillar Grossi é o seguinte: “Este programa tem por objetivo ensinar a ler e escrever a alunos que não o fizeram na idade certa”. A própria nomenclatura designa e configura o papel a ser desempenhado pelo MEC/GEEMPA: recuperar e/ou resgatar o aluno/a que se encontra defasado/a em relação ano-idade e, ao mesmo tempo, revigorar a autoestima destes/as que se encontram completamente estilhaçada. Mediante essa assertiva a preocupação se volta para o aspecto da valorização do aluno/a e, ainda mais, a sua reintegração social podemos assim dizer.
Ao introduzir o elemento distorção ano-idade, nota-se claramente a evidencia de que se deseja uma nova cara para a educação popular. Visto que, a relação social existente e que vigora em nossa sociedade sobre as condições materiais e concretas das crianças que são atendidas pelo poder público e aquelas que são atendidas pelo sistema privado são completamente distintas; porém, não condiciona o caráter pedagógico ser melhor por parte do setor privado por este fator; contudo, penso que, a responsabilidade de fato, é o educador se comprometer com a metodologia, a estratégia e, paralelamente, envolver o aluno de classe popular na mesma perspectiva que é envolvido o aluno da escola privada. E deste modo será possível a inversão da política educacional do setor público em parceria com o MEC/GEEMPA.
No livreto, a Profª. Drª. Esther Pillar Grossi descreve um fato bastante intrigante. Ela mostra uma experiência de uma criança de dois anos e meio que domina a leitura (município de Camaquâ). Ela relata o método utilizado pela mãe da criança: somente leitura em voz alta para o seu filho. Depois escreveu algumas palavras em cartões e ela percebeu que seu filho era capaz de lê-las. Um detalhe: a criança sabe apenas lê, não sabe escrever e nem identificar as cores por que segundo o construtivista norte-americano Jerome Brunner a criança não fora plenamente ‘provocada’. Literalmente, o sentido aplicado aqui é incentivo e estímulo.
  O livreto é enxuto e sintético, e de um alargamento teórico bastante denso.
A METODOLOGIA DO PÓS-CONSTRUTIVISMO É REAL E POSSÍVEL DE SER IMPLEMENTADA: A EXPERIÊNCIA DE CODÓ.
A cidade de Codó foi contemplada com a Assessoria do Geempa além, é claro, de outros municípios maranhenses.
É impossível falar de alfabetização se não mencionarmos o instituto Geempa como instrumento colaborador na luta pela redução do analfabetismo em Codó. E, diga-se de passagem, deu uma valiosa contribuição para a qualidade social da educação, inclusive, dotando o corpo profissional de tecnologia para enfrentar o processo de alfabetização dos aprendentes de forma inovadora e conseqüente no sistema regular se assim o quiser.
A articulação realizada pelo Geempa na perspectiva de promover um período totalmente inovador se deu ainda, no ano de 2010. A primeira Assessoria ocorreu na Capital, a SEMED enviou um grupo expressivo de professores para a formação. A cidade de Codó recebeu duas Assessorias do Geempa. Para nós, foi um grande privilégio.
A recente experiência realizada por este instituto trouxe uma nova concepção pedagógica - e, sem paralelo -, que desembocou numa proporção ascendente no quesito alfabetização. Na verdade, tornou-se uma extensão do sistema.
O nosso município não pode recusar a continuidade da parceria com o Geempa torna-se um ato impensado. Melhor, tipifica o grau de retrocesso, conservadorismo e a completa despreocupação com o processo educacional e seus respectivos indicadores negativos. É extremamente importante que o município continue com a parceria, pois, só tem a ganhar. Não existe argumento que possa contrapor-se ao processo empregado pelo instituo e, particularmente, quando analisamos com a devida atenção os resultados propostos, constata-se a produtividade e os respectivos objetivos alcançados; associados aí, dois elementos essenciais: a autoestima dos aprendentes e a melhoria do ensino. Se partirmos do pressuposto de que as turmas de 2012 obtiveram 90% de alcance das metas estabelecidas, fica evidenciada a potencialidade do método e sua tecnologia empregada com grande aproveitamento.
O principal instrumento aplicado pelo método pós-construtivista é notável, a saber: a) procura identificar o nível de conhecimento que se encontra o educando, e, então, proceder-se-á uma articulação na perspectiva de colocá-lo num patamar evolutivo de apropriação como é o caso das aulas entrevistas Ps1, Ps2, Silábico, Alfabético e Alfabetizado; b) e, afirmar que ‘todos podem aprender’ igual e subjetivamente.
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
Existe diferença entre uma e outra característica no processo alfabetizante e do letramento? As evidencias são claras e objetivas: o ato de o educando apropriar-se tão-somente das letras e de formar palavras não caracteriza um individuo alfabetizado e leitor. Apenas mecanicamente ele consegue soletrar as silabas ou palavras num determinado texto e contexto. O que de fato vai conotar é a sua capacidade laborativa e interpretativa. Ou dito de outro modo: o educando ao apropriar-se do ato de ler ele será suficientemente capaz de inferir uma compreensão dialética de sua leitura e de sua composição textual; aí, sim, ele estará apto a ser, de um lado, um sujeito capaz de expressar seus pensamentos com propriedade e densidade, pois, ele consegue estabelecer distinções entre o pensar e o criar e, de outro, é capaz de sincronizar a decodificação, isto é, ele é forçado a caminhar literalmente no interior do significado de cada palavra elaborada e compreendida. No processo de alfabetização e letramento é impossível o educando não apreender o mecanismo fundamental da leitura dinâmica e dialética. Não há espaço para a leitura mecânica que reproduz a falsa impressão de que o alfabetizando e o não letrado seja apenas atores capazes de balbuciarem as letras e silabas; pelo contrário, o letrado dialético é aquele que se compreende no processo e age como sujeito independente aflorando toda sua profundidade intelectual desenvolvida e revirada.
Portanto, há uma clara intenção da Profª Dra. Esther Pillar Grossi em reafirmar sua tese central evocada no livreto: é possível sim, alfabetizar os educandos a partir dos seis anos de idade.   

terça-feira, 26 de março de 2013

O NOVO PARLAMENTO: DELE SURGIRÁ UMA NOVA LIDERANÇA?
Jacinto Pereira Sousa Júnior*
 A recente história tem demonstrado que o Parlamento Municipal deixou de ser uma trincheira de luta dos verdadeiros homens honrados, de princípios e Éticos para se tornarem ao longo do tempo mero coadjuvantes numa arena em que se encerra no jogo político o interesse individual. Na verdade, a marca institucional da democracia e da transparência tem revelado de maneira frugal o questionável comportamento desses representantes do povo. Enfim, renunciam às prerrogativas que lhes competem, para, irradiar uma contumaz e decadente subutilização discursiva do ‘se é para o bem do povo’ – parafraseando, o mítico, Pedro I, ao lançar o estrondoso e espetacular ‘grito’ da independência de nossa colônia -, eu voto pela matéria da ordem do dia; manifesta, assim, sua total servidão a quem interessa.
É impossível não desdenhar de um comportamento tão esdrúxulo e aviltante. É notável a incapacidade teórica de alguns parlamentares que fere a normativa culta. Outros, expondo-se como verdadeiros cordeiros dirigindo-se ao matadouro, sem, contudo, perceber que tal gesto constitui-se em sua sentença política mortal. O reflexo disso observa-se no último resultado das eleições/2012.
É interessante observar alguns pressupostos que, certamente, poderá estabelecer uma conduta coerente para os novos representantes do povo:
ü  Primeira observação: o resultado das últimas eleições denuncia, por sua vez, o comportamento do eleitor. Renovou em 45,45% o quadro de edis. É um tímido avanço, porém, houve mudanças.  
ü  Segunda observação: a sociedade civil já não aceita qualquer discurso para justificar determinado ato institucional que contrarie os valores morais e legais.
ü  Terceira observação: para a sociedade civil o espírito republicano de cada edil deve prevalecer numa base sólida e pautada na coerência, no respeito e na verdade.
ü  Quarta observação: o dispositivo midiático local tem, conforme sua tendência – expressado todo seu conservadorismo - a capacidade de direcionar fortemente um discurso na perspectiva de gerar um comportamento negativo da sociedade em relação aos Parlamentares.
ü  Quinta observação: a independência harmônica entre os poderes transcorre de maneira legal e há, efetivamente, o mútuo respeito entre os representantes?
A sociedade civil já percebe a necessidade de acompanhar o comportamento dos representantes no Parlamento Municipal, para não ser surpreendida. A cultura alimentada pelo Parlamento de se transformar simbolicamente num ‘balcão de negócio’ – por que toda vez que o Chefe do Executivo encaminha alguma mensagem ao Parlamento ocorre uma articulação por parte da oposição fazendo alegações intermináveis para justificar mais tarde o provável apoio à mensagem enviada; por conta disso, insurge o velho discurso da misteriosa compra e venda de parlamentares que, ontem era contrário à Mensagem e, de repente, hoje, manifesta irrestrito apoio e, ainda, com o direito de sentir-se ofendido por ser criticado pela sociedade e pela mídia em relação a essa atitude ambígua e prolixa do parlamentar - precisa urgentemente modificar tal cultura. Entendo que o Parlamento deva ser um instrumento indispensável para a promoção e o aperfeiçoamento do debate consistente e bravio, da democracia altaneira e participativa, da discussão dialética imperativa; e, por fim, desenvolver um novo comportamento que integre de maneira contumaz a cultura da transparência. Como tem sido difícil a corporação política compreender esse valor substancial para a sobrevida da democracia parlamentar e, por via de regra, o elevado respeito da sociedade civil.  
Portanto, o novo parlamento municipal (2013 – 2016) precisa com brevidade demonstrar habilmente sua nova cara e, sobremodo, desmistificar os arranjos deformados que teimam e persistem conviver com a sociedade civil como se fosse uma coisa natural. O parlamento municipal tem por obrigação corresponder aos reclames do povo codoense. Haverá um tempo em que a força popular será capaz de renunciar o seu voto naqueles políticos que insistem na prática de tornar-se moeda de troca, e deixando de lado a sua verdadeira atribuição institucional: fiscalizar o Executivo e aprovar projetos. Não quero entrar no mérito dessa questão, até porque, é de exclusividade dos edis.
O município codoense clama por homens públicos que expressem o seu verdadeiro penhor e espírito republicano, e, de igual modo, sustente sua clava sem recuar, caminhando a passos firmes e decididos em defesa de um ideal coletivo. Será que na atual conjuntura surgirá um político com esses valores intrínsecos? Considerando a coisa mais detidamente, sou obrigado pelas circunstancias a fomentar a seguinte argumentação: a mudança estrutural do poder e das políticas públicas depende de quem para promovê-las? São os políticos os verdadeiros signatários desse processo fundamental para o desenvolvimento e crescimento social local? E o povo, não tem nenhuma valia nesse processo extraordinário de transformação? Ou, melhor, é possível haver ainda uma mudança profunda na base da pirâmide codoense? Ou, permanecerá esse estado letárgico social em que o tão sonhado projeto transformador é de competência exclusiva dos homens públicos sem a participação das massas populares? A bem da verdade, a tão esperada mudança só poderá ocorrer quando o povo tomar consciência de sua condição de classe e detentora do poder efetivamente. Enquanto existir a politização da política em que o epicentro desse processo tem como base a burguesia no controle do poder e das instituições, o atual estágio de desenvolvimento e as condições materiais concretas enfrentadas pela classe trabalhadora permanecerão inalterados. Quando menciono as instituições incluo, aí, o parlamento municipal simbolizando força e poder.
Se, de um lado, olharmos a história do Parlamento Municipal verificamos que um único parlamentar chegou ao poder político máximo no final da década de 1990 e inicio da de 2000: Ricardo Archer. De La para cá, o parlamento municipal não conseguiu gerar outra figura de destaque. Tal conjuntura nos induz a uma interrogação: afinal de contas, quando surgirá outra figura com expressão, força e inserção popular para disputar o poder político local contra as tendências e forças conservadoras? Pois, Codó vivencia uma nova realidade e um novo ciclo de mudança representativa. O tempo passou e, automaticamente, os representantes políticos de direita e os ultradireitista envelheceram; com isso, pode a história abrir um espaço extremamente importante para oportunizar o surgimento de lideranças novas e independentes, que não estejam associadas às tradicionais forças e tendências políticas conservadoras. O momento histórico aponta essa possibilidade e, além disso, é fundamental que o futuro de nossa cidade seja, de fato, construído, pensado numa ótica moderna e democrática; dissociada da influencia das “velhas raposas” que, direta e indiretamente, contribuíram para o atraso de nossa cidade.
Codó precisa se libertar das ‘amarras’ e das forças conservadoras que ao longo da história construíram uma estrutura de controle e manutenção do poder político, sobretudo, em relação ao imaginário popular – como uma espécie de culto à personalidade – colocando-os sempre como representantes comprometidos, sérios, democráticos e dispostos a realizar um grande trabalho na cidade. Contudo, a própria história denuncia o verdadeiro sentido dessa estratégia articulada pelas elites dominantes. Caberá, então, ao povo codoense avaliar o elemento oculto nesse mecanismo produzido pelas elites dominantes para permanecer no controle e no poder; além disso, é fundamental ir à frente dessa avaliação, perquirindo a sua essência e a sua aparência. No jogo político esboçado em cidade da dimensão como a nossa, ainda é utilizado o famigerado modelo de alianças entre as diversas forças, tendências e correntes políticas subordinadas ao capital como pedra angular de legitimação. Aqui, temos, na verdade, uma articulação promovida geralmente pelo ‘dirigente máximo’- que, no fundo, é a figura do burguês e capitalista colocado como o legitimo representante das massas trabalhadoras incautas para dirigir o município -, na perspectiva de consolidar um conjunto de forças para defendê-lo numa disputa política com outro ‘dirigente máximo’ que possui as mesmas características do anterior. É dessa maneira, que a burguesia local consegue se constituir como segmento hegemônico e opressor das camadas populares.
Mediante essa pequena reflexão sobre o modo como a burguesia local desenvolve suas articulações buscando se perpetuar no poder procuro evidenciar os elementos táticos no sentido de, também, provocar no cidadão codoense a necessidade de fazer uma avaliação cuidadosa, séria e responsável sobre a tática, a estratégia e a ideologia propugnada pelos representantes das elites dominantes local. Diante disso, tenho que fazer uma provocação ao parlamento municipal sobre a possibilidade de insurgir dentre os atuais edis, um parlamentar com capacidade teórica, determinado, articulado, identificado com as causas sociais do povo, que seja corajoso, destemido, coerente, preparado para enfrentar o projeto de dominação das elites dominantes. Codó certamente ficará orgulhosa quando esse novo político surgir para combater as mazelas e todo tipo de manobras articuladas pelas classes dominantes local.
Conforme já previ e reafirmei, nossa cidade vivencia um novo período, um novo momento, decorrente de uma profunda crise de identidade, credibilidade, ausência de um programa de governo consistente e reformista para não dizer revolucionário, em que pese como tese central a proporção do desenvolvimento integral de nossa cidade. O futuro líder político que vai surgir em nossa cidade deve estar fora do eixo tradicional determinados pelas elites dominantes, bem como dos costumeiros acordos realizados na ‘calada da noite’, deve construir sua luta em defesa de uma cidade próspera e mais justa, com a presença dessa geração de novos atores sociais que, constitui parcela indispensável no processo de disputa pela apropriação do poder político colocando-o a serviço da comunidade. Que seja forte o suficiente para suportar as investidas dos representantes das elites dominantes na tentativa de desqualificá-lo, de amedrontá-lo, de fragilizá-lo e, até mesmo, impedir que seja candidato fazendo propostas indecentes. Esse novo líder deve está completamente descontaminado  dos estratagemas vergonhosos que contribuíram para a derrocada ética e moral de homens públicos e dos maledicentes vícios tortos.
O nosso desejo é, verdadeiramente, contribuir na perspectiva de estabelecer uma nova macrovisão do que é ser um homem público com as virtudes que exige a história e, ao mesmo tempo, fornecer elementos reflexivos para uma sábia e decente conduta no contexto da luta política e social. Nunca houve em nossa história um período tão forte e propício para o aparecimento dessa nova liderança! Aquele sujeito que esteja processando todos os acontecimentos históricos não tem dúvida disso. O vácuo político é mais do que evidente, é notório!
Que a nossa história seja reescrita e reinventada à luz do desenvolvimento, do progresso e da prosperidade social.
O futuro de Codó nas mãos limpas desse novo líder popular. Quem de vós, ó edis, será a semente boa que produzirá os bons frutos para nossa cidade se alimentar sem nenhuma indigestão, sem nenhuma temeridade?
_____________         
 *Jacinto Pereira Sousa Júnior. Servidor Público Municipal.               

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

A ‘PROFETISA’ E SEUS NOTÁVEIS EQUÍVOCOS: DA FALTA DE CONHECIMENTO DE CAUSA À PERMANENCIA AO SENSO COMUM
Jacinto Pereira Sousa Júnior*

Ao homem lhe foi concedido o livre arbítrio. No entanto, poucos são aqueles capazes de utilizá-lo de forma ponderável e racionalmente. O fato de o homem ter recebido o livre arbítrio não lhe dar o direito de emitir opinião descontextualizada, pois, se, assim, o fizer, estará ridicularizando a si mesmo. É preciso ter muita cautela para aferir uma argumentação no campo da ciência e cuja ressonância pressupõe uma inevitável conseqüência obsequiosa. Ao tempo em que tal sujeito articula seu discurso temerário a respeito de uma temática que, a priori, comporta-se como profundo conhecedor, na realidade, tal impressão é, por assim dizer, inepta e surreal.
Quando faço essa ponderação misturando as diversas categorias no campos da ciência social, em particular, uma sobressai: a dialética. É na dialética que encontramos os elementos constitutivos para propormos argumentos que sejam verdadeiros ou falsos. Quando o pretenso sujeito impõe a si e a outros sua formulação teórica e/ou seu conhecimento empírico de um determinado objeto deve, portanto, comprovar sua validade de modo que nos convença que tal objeto é passível de crítica e necessita urgentemente ser modificado/alterado.
Ao mergulhar de maneira não tão rigorosa no comentário feito pela profetisa (permita-me chamá-la assim, pois, a forma como descreveste a tua critica, só posso pressupor que vós tendes parentesco divinal)  a tudo que é publicado em blog’s, principalmente, no que tange ao campo educacional suas impressões são arrasadoras e extremamente pertinazes, e, por conta disso, tenho que aludir a essa figura uma azeda resposta.
Início, então, esse franco e aberto diálogo fazendo pequenas e necessárias intervenções sob o espectro das tragédias e epopéias surrealistas advindo daquela que desconhece a complexidade de uma determinada categoria. Posso então, declarar ineficiente e torpe a argumentação evocada pela profetisa sobre a reportagem cujo título é: “Notícia Boa: programa garante alfabetização de 100% em 90% das escolas de Codó”, postado no dia 15 de dezembro de 2012 no Blog do Acélio Trindade. Portanto, antes de entrar propriamente no cerne da questão, apresentarei na íntegra o emblemático comentário da profetisa acerca da informação:
GEEMPA???? 100 por cento de 90% das escolas, essa conta não bate. Esse professor de matemática é fraco, deve ter se formado nos cursos a distancia que foi implantado pelo MA e a Globo ou aquele de final de semana que existe na cidade. Se os 10% de escolas que faltam as turmas forem grande? Quantidade de alunos matriculado ninguém não sabe,formação dos professores idem, devia ser assim: Codó alfabetiza cerca de 80 por centro dos alunos do GEEMPA. Quantas escolas? 10%  das escolas. Quais escolas? Prestem conta corretamente. Codó é um referencial nacional? Acaba não mundão. Em pleno século XXI, programa para alfabetizar, e os outros anos o que os professores ensinaram? Cadê o Conselho tutelar, o Ministério Público, a Secretaria de Educação para fiscalizar a APRENDIZAGEM?  
Passemos aos fatos:
ü  A chamada faz referencia a um Convenio da Secretaria Municipal de Educação com o MEC, por intermédio do PAR – Plano de Ações Articuladas denominado Correção de Fluxo Escolar na Alfabetização, além disso, o MEC por sua vez, oferece ajuda financeira e pedagógica para a realização destas atividades e, no caso específico (alfabetização), o MEC contratou uma Instituição para prestar Assessoria a Codó e vários outros municípios do nosso Estado, com a identificada deficiência: o GEEMPA – Grupo de Estudos sobre Educação, Metodologia da Pesquisa e Ação, que aplica uma metodologia cognominada pós-construtivista.
ü  Em 2010, a Secretaria de Educação recebeu um telefonema da Drª. Professora Esther Pillar Grossi, uma renomada pensadora e respeitada internacionalmente por seu revolucionário método pedagógico, que tem promovido a celebração da cidadania de centenas e dezenas de milhares de pequeninos não apenas em nosso país, mas, também, em outros países latinos e africanos; dizendo que estaria em Codó para nos ajudar na tarefa de alfabetizar os nossos sedentos pequeninos e reduzir de forma significativa esses indicadores perversos (diga-se de passagem, não é privilégio somente de nossa cidade, e, sim, de 5.565 entes federados; uns com déficits em maior e outros em menor grau, mas, todos, indistintamente, possuem a mesma emblemática causa comum!
ü  Esse programa está sendo executado em nosso município desde 2010, nas escolas no contra turno. Na primeira etapa, tivemos 02 Coordenadores e 25 professores onde os dados apontam para a melhoria de 1.000 alunos alfabetizados (domínio da leitura, escrita e do cálculo).
ü  Em 2011, ampliou-se a quantidade para 66 alfabetizadores e, conseqüentemente, ampliou-se o número de turmas de 55 para 86 e, ainda, o quantitativo de alunos trabalhados na ordem de 900 e destes, 600 conseguiram alfabetizar-se. Aqui temos, portanto, o percentual entre aluno alfabetizado e não alfabetizado: se temos 900 alunos sendo trabalhados com a metodologia pós-construtivista num intervalo de seis meses, destes, 600 foram alfabetizados, então o percentual será assim definido aplicando-se o seguinte coeficiente: 600 : 900 = 0,666.... x 100 = 67%. No ano de 2011, portanto, foram alfabetizados 600 alunos; ficando 300 sem a notação alfabética, representando um percentual de 33%.
ü  Já em 2012, que é a matéria em discussão, vamos pontuar de forma seletiva toda a argumentação da profetisa estatisticamente, pois, a mesma tenta nos convencer de erros grosseiros e, diria até, ridículos.       
Primeiro ponto: o GEEMPA é uma instituição que existe no Brasil há 40 anos. Sua sede oficial está instalada no Rio Grande do Sul. É Coordenado pela Drª. Professora Esther Pillar Grossi. Entre seus colaboradores estão os ícones estudiosos do pós-construtivismo, Sara Pain e Gerard Vergnaud. A nossa surpresa é sabermos que a profetisa esteja exclamando por aquilo que nos é trivial, é uma pena. Nota-se aqui, o quanto a profetisa necessita de atualização!
Segundo ponto: ao afirmar que os índices apresentados é um horrendo erro, ainda tem a delicadeza de supor, aleatoriamente, que o informante é um profissional desqualificado que não soube aproveitar a oportunidade ao se formar numa instituição de nível superior e, num tom jocoso, a brilhante profetisa emaranhando-se em sua própria argumentação desfigurada, invoca uma lamentável passagem do governo Roseana Sarney na década de 1990, quando estabeleceu um convenio com a Rede Globo trazendo para o Maranhão o Telecurso 2º Grau e, finaliza sua prédica mordaz desmerecendo os Institutos que oferecem cursos nos fins de semana para os codoenses. Ante essa profunda compreensão racional da realidade socioeducacional, a profetisa incorre singularmente num atropelo critico; pois, os índices apresentados pela Secretaria de Educação não foi fornecido por esse profissional a que ela se refere, até porque, ele não existe, na verdade, ele é mero fruto de sua ingênua imaginação profética. Devo alertá-la de que para criar tabelas e fornecer os respectivos resultados tal atividade é construída por um profissional da área pedagógica, pois, quando fizeram seus cursos de Pedagogia, tiveram uma cadeira chamada Estatística Aplicada. Em relação aos 100% de 90%, mais adiante exporei um contraponto menos tenebroso, mais coerente e factível.
Terceiro ponto: a profetisa se aventura ainda mais, quando ousa interrogar o quantitativo de alunos matriculados, faz referencia a 10%, incluindo quantitativos de escolas, de turmas grandes, enfim, é uma confusão sem fim sua notação a-crítica. Contudo, serei parcimonioso e responderei sua inquietação fustigante. A priori, é preciso esclarecer à altíssima profetisa que, a quantidade de escolas envolvidas e a quantidade de alunos trabalhados serão apresentadas no meu argumento final; em relação ao percentual que a perturba, ele não tem sentido para nós dentro de sua concepção aritmética, portanto, ele é descartável. Não há necessidade de fantasiar e imaginar fatos irreais objetivando gerar um fato político que ganhe repercussão.
Quarto ponto: não satisfeita com sua magistral operação intelectual, focaliza um elemento que, para ela, é determinante. Circunscrita a um pedantismo infantilizado, tenta ridicularizar o município com chavões da seguinte magnitude “acaba não mundão”, numa clara referencia ao município pelo papel que desempenha antes, durante e depois de todos os processos desenvolvidos (participação nas Assessorias, desempenho nas apresentações de relatórios de forma criteriosa e outras atividades e etc.) a profetisa não possui e nem detém sensibilidade suficiente para entender a real importância de Codó nesse processo fundamental de inversão de prioridade. Lamento muito que permaneça na superficialidade da história e dos fatos históricos. Codó é um município carente, mas, paulatina e progressivamente está superando suas cíclicas crises educacionais.
Quinto ponto: e, finalmente, a profetisa com sua peculiar sagacidade e prestimosa preocupação questiona o Conselho Tutelar, o Ministério Público e a própria Secretaria de Educação para fiscalizar a política pública educacional.  É motivo de pilhéria essa argumentação. Desde 2009, o município vem desenvolvendo um esforço gigantesco para melhorar a qualidade do ensino e, ao mesmo tempo, promovendo a valorização dos profissionais do Magistério.  Outro elemento que ela introduz em sua argumentação a-crítica ao Sistema Municipal de Ensino é saber se ainda é necessário alfabetizar pessoas em pleno século XXI, ora, distinta profetisa, o processo ensino-aprendizagem é um evento contínuo, como deveria ser o vosso entendimento sobre essa categoria que, aparentemente, vós dominais com tamanha percepção e, lamentavelmente, demonstra total desleixo, imprecisão formal, incongruência teórica e superficialidade dos dados abordados. Para uma melhor compreensão objetiva dos dados serei complacente e vos aliviarei de tamanha inquietação intelectual ó profetisa; aprendei na humildade e vós sereis menos petulante; alicerçai vosso entendimento numa construção sólida sobre ciência educacional dedicando-se de corpo e alma à uma leitura critica e dialética e densa dos grandes mestres do objeto em questão, para poder mensurar equilibradamente uma argumentação de cunho cientifico.   

DO SURREALISMO PROFÉTICO AO REALISMO EDUCACIONAL CONCRETO

É inacreditável que uma equação tão simples produzisse tamanha confusão no intelecto da profetisa, e ela, por sua vez, viesse decantar sua versão de forma tão eufórica; sem, contudo, perceber que estava produzindo um argumento marcadamente inadequado e fora do contexto do objeto questionado. Parece-me que a profetisa tem uma queda para a irracionalidade dialética, pois, se considerarmos os elementos fundantes de sua loquaz argumentação constataremos de imediato, sua inconsistência. Vejamos, então, o epicentro desse argumento falacioso:
Argumento 1: a profetisa rejeita completamente o prognóstico apresentado pela Secretaria Municipal de Educação, afirmando que tais dados não representam a realidade no quesito alfabetização;
Argumento 2: a profetisa tenta estabelecer mecanismos coerentes para confirmar sua tese de que não houve alfabetização conforme os índices apresentados pela Secretaria Municipal de Educação;
Argumento 3: a profetisa questiona o elemento quantitativo de alunos e de escolas envolvidos no programa como se isso, fosse determinante;
Argumento 4: a profetisa insinua desconhecer os eventos no processo diagnosticados;
Argumento 5: a profetisa tenta desqualificar o município, reduzindo-o a mero coadjuvante no processo ensino-aprendizagem no programa Correção de Fluxo na Alfabetização Escolar, sob a Coordenação do MEC/GEEMPA.
Basicamente, são esses os argumentos que considero necessários para intervir em sua base conceitual argumentativa.
É bom refrescar a memória da profetisa, a respeito do quantitativo de unidades escolares que o município possui na zona urbana desde a Educação Infantil e Ensino Fundamental.
ü  Educação Infantil 11unidades escolares (entre Creche e Pré-escola);
ü  Ensino Fundamental 45 unidades escolares (1º ao 4º e do 5º ao 9º anos, respectivamente).
ü  Ora, ao todo são 56 unidades escolares na zona urbana.
Muito bem, chegamos ao ponto crucial: a confirmação dos dados fornecidos pela Secretaria de Educação que está sendo contestado pela poderosa profetisa de forma ardorosa.
Quando a Secretaria de Educação afirma que houve a alfabetização de 100% em 90% das escolas de Codó, é preciso, de um lado, explicitar a chamada elaborada pelo blogueiro Acélio Trindade que, talvez muito eufórico com os dados tenha construído tal chamada como um processo global (ou seja, o programa estivesse sendo aplicado em todas as unidades escolares, contudo, não é bem assim). Na verdade, o programa de Correção de Fluxo Escolar na Alfabetização MEC/GEEMPA, está evoluindo, crescendo ano-a-no. A ideia é, de fato, incorporar a metodologia geempiana no Sistema Municipal de Ensino.
Vejamos, então, porque o município de Codó chegou a 90% de atendimento das crianças trabalhadas com a metodologia pós-construtivista. As crianças são trabalhadas no contra turno das respectivas escolas que estão matriculadas. No ano de 2012, estiveram envolvidas no programa 25 escolas da rede municipal. Como temos o quantitativo em mãos podemos aplicar o coeficiente para encontrarmos o percentual mencionado acima da seguinte maneira: ora, se temos na zona urbana 56 unidades escolares e, destas, 25 participaram do Programa, então, teremos um percentual de 44,64% de escolas envolvidas. A quantidade de turmas formadas foram 44. Agora, em relação ao quantitativo de alunos alfabetizados, basta que conheçamos o número relativo (e, não o absoluto) dos alunos matriculados no Sistema que estiveram envolvidos no Programa; mediante isso, apresento-lhe o número de alunos: 797 (matricula inicial). Ora, se a informação fornecida pela Secretaria de Educação confirma que nesse processo houve uma significativa aprendizagem (domínio da escrita, leitura e do cálculo) atingindo 90% dos alunos envolvidos no programa, devo asseverar que, o quantitativo de 744 alunos (matricula final) é o aporte numérico que nos subsidiará na construção dos dados estatísticos para comprovar a afirmação de que houve um aproveitamento de aprendizagem dos alunos que representam 90%, das escolas participantes. A alfabetização, em termos percentuais (92,87%) e, numericamente, são 691 alunos dominando a escrita, a leitura e o calculo, e os (7,12%) representam 53 alunos que evadiram no decurso do semestre. Mas, o município não os esquecerá, serão novamente trabalhados na próxima etapa e, com certeza, terão maior aproveitamento e estarão fora das perversas e negativas estatísticas educacionais que assolam o nosso grande país. Repito esse ciclo endêmico não é privilégio somente de nossa Codó, ele é, sobretudo, um processo cultural que se arrasta por centenas de anos sob a orientação da classe dominante que sempre esteve no comando deste país e, se avaliarmos com maior profundidade essa realidade, reconhecer-se-á que tal prática é reproduzida em sua maioria em todos os entes federados. Não desejo entrar no caráter sociológico da questão.
Portanto, ó altíssima profetisa não havia necessidade em alardear um fato tão simples carregado de imperfeições – de vossa parte - e imprudência teórica, sem antes procurar a fonte e ter em mãos os dados coletados e, a partir deles, aferir algum tipo de argumento de caráter cientifico. É uma pena que tenhamos de esclarecer em pleno século XXI o óbvio para quem, de práxis, entende que não existe o processo permanente de alfabetização. Vejo, por conseguinte, a presença da contradição dessa crítica incoerente, tal contradição, por sua vez, não é a contradição dialética – aquela elaborada por Hegel e Marx -, ao contrario, é a ausência de dialética em sua crítica que origina uma argumentação sem sentido, obsoleta.  
Faço mais uma advertência: aprofunde-se na leitura de especialistas na temática, para poder aferir argumentos de maneira consubstanciada e mais calorosa; pois, sinto que não há uma maior compreensão de vossa parte dessa teoria. Inclusive é notório o nível vocabular construído em sua crítica. Nela é perceptível a superficialidade de seu conhecimento. Não é tarefa fácil construir conhecimento. É necessário dedicação, disposição, busca, pesquisa, reflexão, paciência para se inserir na dimensão de uma dada realidade e/ou fato e contextualizá-lo com rigor e, de tal modo, que produza os efeitos necessários associando os elementos fundamentais e nítidos dessa compreensão teórica articulada o tempo todo. Torna-se impraticável o debate profícuo quando uma das partes é completamente incapaz de promover uma discussão profunda da temática em questão sob a luz da dialética.
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*Jacinto Pereira Sousa Júnior. Professor, ex-secretário Municipal de Educação/Codó-MA.