quinta-feira, 16 de junho de 2011

UMA CRÍTICA CRÍTICA AO "CRÍTICO NOTÁVEL"

Ao elaborar este pequeno texto o fiz com dois propósitos básicos: 1. Derrubar, em definitivo, com a petulância e arrogância oculta no ostensivo palavreado oco e sem teor disseminado aleatoriamente por vós, ‘insuspeito’ filósofo; 2. Desmistificar vossa frágil personalidade moral e o modo de vida que não lhe pertence.
Antes, porém, de adentrar no mérito da questão em pauta, farei uma incursão sobre o caráter e sobriedade de sujeitos verdadeiramente críticos e dialéticos. A ciência nos fornece os elementos fundamentais para a compreensão da História, contudo, para que possamos efetivamente dominar os mais variados conceitos e campos sociais é imprescindível despojarmo-nos da inquietante capacidade espiritual de refletir e pesquisar 
Uma das mais nobres virtudes humanas são a sabedoria e a humildade. Contudo, apropriar-se do saber e do conhecimento e da humildade não é tarefa fácil, pois, requerem do sujeito alguns elementos tais como: tempo, dedicação, investigação, reflexão e, sobretudo, paixão pela pesquisa. 
A formação intelectual do sujeito depende de algumas circunstâncias que o ajudam nesse processo contínuo de aprendizagem. E, em relação ao campo do conhecimento e as potencialidades intelectuais de nossa rica cidade (falando culturalmente), onde temos grandes vultos de renome pertencentes ao nosso torrão, como p. ex., na arte, na poesia, na literatura e na filologia. Isso nos orgulha imensamente, e nos fornece elementos significativos para que possamos desvelar outras expressões de igual relevância para engrandecer o nome de nossa alvissareira Codó futuramente.
Mas, além disso, devo acrescentar uma portentosa novidade: o surgimento de um novo nome no campo da ética, da política e da filosofia que se faz revelar de forma altaneira e surpreendente no limiar do século XXI: O ‘insuspeito’ filósofo Cícero de Sousa. Figura emblemática. Detentor de uma retórica bastante peculiar. Se auto-proclama defensor dos menos favorecidos; seletivo em suas contumazes entrevistas parece-lhes que não existe nenhuma outra pessoa com capacidade intelectual para desfrutar do “glamouroso” mundo da ciência teórica, do poder de convencimento e, acima de tudo, das avaliações conjunturais espetaculares expostas pelo mesmo. Sujeito de rara e extrema cultura que, de longe, obscurece e tangencia a luz e reduz a pó os grandes mestres do pensamento universal tais como: Thomas Morus (Utopia), Platão (A República), Aristóteles (Ética a Nicômaco), Thomas Robbes (O Leviatã) Maquiavel (O Príncipe), Engels (A Origem da Família, da Propriedade Privada e o Estado), Karl Marx (Das Kapital), Leon Trotsky (A Revolução Permanente), Antonio Gramsci (Os Intelectuais e a Organização da Cultura), e o não menos importante filósofo francês precursor do Existencialismo (corrente filosófica inaugurada pelo filósofo dinamarquês Soren Kierkegaard e o alemão Martin Heidegger) moderno Jean-Paul Sartre (O Existencialismo é um Humanismo) e, por fim, o também não menos seleto de todos os filósofos alemães: Friedrich Nietzsche (Gaia Ciência, Aurora, Ecce Hommo), entre outros. ‘Insuspeito’ filósofo vossa compostura social é por demais exagerada. Seu fabuloso e inesgotável universo vocabular e conhecimento é pura ciência, deixa-nos embriagados, encantados e enriquecidos. É absurdamente engenhoso o seu arquétipo estilo não tão populista, mas, extremamente antipático, demagógico e insuportável, para ser sincero! 
Ó ‘insuspeito’ filósofo teu comportamento social caracteriza bem o sujeito que és. Aliás, não és sujeito, tu és apenas abjeto, aquilo que, filosófica, sociológica e antropologicamente é classificado como individuo sem identidade, sem personalidade, sem moral, sem ética (no sentido lato do termo) em ti, repousa apenas um sentimento: o da bajulação e o da subserviência em grau profundo em relação à corte imperial. Serves apenas como pilhéria à comunidade intelectual e ao povo codoense. É terrivelmente deprimente constatar a vossa voluptuosa vontade de ser reconhecido como alguém com poder de decisão suprema e, para alcançar tal intento te submetes ao desarrazoado ato impenitente de bajulador incorrigível. Tal condição o expõe ao ridículo e ao vexame.
Todo ser humano carrega consigo um sonho, obviamente, você o tem também; mas, em vós, isso é latente e é impossível negar; o teu semblante o denuncia e a tua fala o confirma. Contudo, a tua voraz e infinita sede de poder pelo poder e a capacidade de engendrar armadilhas para prejudicar o teu próximo age com tamanha naturalidade que comove até mesmo nosso Pai Celestial. ‘Insuspeito’ filósofo tua máscara já caiu, nenhum cidadão(a) codoense que, intelectualmente, reflita o mínimo possível, sobre teu deslumbrante comportamento social, certamente, o colocará no seu devido lugar: na lata de lixo.
Ó grande interprete de todos os saberes da ciência política, até quando permanecerás habitando o submundo das sombras? Ó grande mestre do saber social, econômico e cultural, a partir de qual momento te apresentarás para a sociedade com a tua verdadeira “teoria do conhecimento?” É verdade que tens uma fabulosa retórica comparável somente ao notável nem-nem-nem do sociólogo FHC, figura tão ‘respeitável’ e ‘venerável’ pelo povo europeu e, vós, pelo povo codoense.
Ó grande ‘insuspeito’ filósofo, sem dúvida, vosso incansável desejo de ‘ser mais’ é bem ilustrativo quando observamos vosso comentário postado a um blogueiro dizendo: “Eu ganhava bem e tinha liberdade como secretario,portanto,a minha saida não foi por cargo e nem salário,mas sim por ver um governo começar a seguir um outro rumo,diferente do que se defendeu durante a campanha”. Note bem a palavra-chave que determina o vosso caráter: ‘liberdade como secretario’ (grifo nosso) é, de fato, o ponto crucial e a demonstração irretocável desse gigantesco desejo de ‘ser mais’; tua ousadia e atrevimento o colocaram numa perspectiva de derrota, pois, fostes agressivo e a-ético em várias situações enquanto membro do governo municipal. Volto a reexaminar a questão de fundo: o oportunismo e a subserviência irretocável praticado vós. Em nenhum momento, na condição de Secretário de Educação, utilizei tal função para impor minha vontade e demonstrar o lado verdadeiro de minha personalidade, diferentemente de ti, ò grande ‘insuspeito filósofo’ que, apenas na condição de Assessor de Planejamento, demonstrastes de forma inequívoca o teu lado ambicioso e extremamente vulgar de agires. Quanta falta de sensibilidade, quanta vontade de ‘ser mais’ do que qualquer outrem! Devo confessar-lhe que, é imensamente admirável tua inventiva capacidade de dissimulares visões macros e inverídicas. Senão vejamos um caso concreto: quando ainda pertencias ao governo municipal, sempre tentava se projetar e se mostrar superior a todos em seu derredor, inclusive, em relação, ao próprio Secretário de Educação - este que vos escreve -, tal atitude, chegou ao extremo do absurdo quando pronunciastes que o governo era o “Prefeito da Educação”, Oh! Quanta honra deve ter sido para o nobre Chefe do Executivo logo no inicio de seu mandato ser, merecidamente, por vós, agraciado com tal título. Ora, ora, é preciso de fato, ter muita visão política futurista para afirmar contundentemente isso! Deveras isso constitui uma assertiva completamente destoante e desafinada (para estabelecer um comparativo entre o batuta do maestro e os demais membros de uma Orquestra Sinfônica). Note bem que, não havíamos sequer terminado o primeiro ano de governo e, logo, estávamos nos ambientando à estrutura global do poder local, como podia ser taxativamente nomenclaturado² de ‘Prefeito da Educação’? Essa apologia ao nosso governo, definitivamente, caracterizou toda tua irreverente bajulação – naquele momento – para agradá-lo e, com isso, granjeares prestigio e força perante a opinião pública, tal fato, coloca-o simplesmente na esteira da irresponsabilidade e da imaturidade sobre a realidade concreta. Na verdade, esse “agradabilíssimo eufemismo” nada tem de notável e de inovador. Creio que o próprio Prefeito sentia-se mal com essa titulação, tanto o é que logo após a sua “irreparável saída” o nosso governo perdeu a efervescência desse magnífico título reconhecendo, finalmente, sua realidade e que precisamos avançar e muito, nesse campo, para atingirmos tal título. Contudo, estamos depreendendo esforços no sentido de minimizar as terríveis mazelas deixadas por gestores descompromissados e omissos. Gostaria, no entanto, de frisar em relação à vossa pessoa enquanto mentor intelectual de fatos e situações factóides, argumentando o seguinte: pois, não é tarefa fácil encontrar hoje um sujeito com vossa imponente e rara cultura. Hoje percebo o quanto vossa “ampla e profunda cultura” nos faz falta e, isso, é terrível para todos nós que representamos a Secretaria Municipal de Educação. Um verdadeiro pandemônio se instalou no interior de cada departamento, todos se encontram “atônitos” e “confusos” em decorrência de sua – repito – “irreparável saída”. O que fazer agora, sem a tua magnânima e gigantesca expressão cultural associada à habilidade de resolver problemas candentes de forma imediata? Verdadeiramente, tenho que confessar: a tua “irreparável saída” constituiu um novo ciclo e uma nova relação interpessoal numa perspectiva de respeito recíproco, reconhecimento das relações hierárquicas, sem, contudo, haver dissensões e retaliações entre nossos assessores. O clima é de paz e harmonia! Na verdade, estamos reaprendendo - numa perspectiva de horizontalidade das relações interpessoais -, a importância de trabalhar produtivamente, além, claro, do novo modo de ver as pessoas cordialmente. 
Agora, ‘insuspeito’ filósofo, permita-me aprofundar uma avaliação sobre vossa atitude em relação ao seguinte comentário: “O normal em Codo são as pessoas abandonarem o governo no último dia de administração.Também, pularem para o grupo de quem vai vencer.Eu pedi a minha exoneração por me decepcionar”.  É preciso esclarecer o contraditório dessa assertiva por dois motivos essenciais: o primeiro, de ordem estritamente moral; o segundo, por conta da ruptura do Imperador com o atual governo e você o acompanhou. É muito evidente vossa servidão ao Imperador. Tal postura é até irritante, pois ela (a exoneração) transcorreu dentro de um processo contínuo por ser exagerado, carregando consigo o amadorismo, a imaturidade e o infantilismo recorrente. E, ainda, tentas justificar sua saída como se tivesse sido traído por Zito Rolim, ficando, assim, ‘decepcionado’. Esse comentário é simplesmente desconexo, sem sentido e esdrúxulo. Impõe-nos a imperiosa necessidade de estabelecer um esclarecimento a respeito desse posicionamento: Vós, ‘insuspeito’ filósofo, cometera grave erro em apropriar-se da função de Assessor de Planejamento e, a partir daí, agia com tamanha ‘liberdade’ que simplesmente se caracterizou como um verdadeiro tolo e tagarela. Afinal, nunca exercera de fato, a função como deveria fazê-lo. Fostes tremendamente um afoito reprodutivista das ideias alheias. Onde está, efetivamente, teu conhecimento e tua originalidade? Deixastes, por acaso, no campus da UFMA, certamente!
É preciso, ainda, fazer justiça com vós, diante de vossa notável e eminente “humildade”, conforme se verifica na seguinte frase: “(...)Tudo isso eu vou aceitar você me chamar,mas deixar de particibar desse maravilhoso espaço?nunca.Vá preparando mais adjetivos porque eu não vou ficar de fora de um blog que registra mais de quarenta mil participantes”.  É extraordinário o vosso nível vernacular – repito – e, considerando a proposição em pauta: nada! O nada deve ter algo de excêntrico como excêntrico tem sido a vossa postura para impressionar intensamente o imaginário popular através dos holofotes midiáticos. Contudo, vos reafirmo categoricamente: diante de tantas ações depreciativas e falta de conduta ético-moral o povo codoense já deve ter sua opinião e/ou juízo formado sobre ti. O ato de reafirmação (na 1ª pessoa do caso reto), como é o vosso caso, fica muito claro na tentativa de querer – volto a relembrá-lo -, ‘ser mais’ quando dizes: “(...) mas deixar de particibar (sic) desse maravilhoso espaço?Vá preparando mais adjetivos porque eu não vou ficar de fora de um blog que registra mais de quarenta mil participantes”, oh! Quanta preocupação com vosso ego, com vosso umbigo: “quarenta mil participantes” deixai-vos de ser tolo e aprendei a ser mais sensato e maduro naquilo que dizes. Esta valorosa e contundente fraseologia denuncia o quanto és pedante! Não demonstras em nenhum momento, altivez, serenidade e delicadeza para expressar com notório saber filosófico uma resposta sã e humilde. Ó ‘insuspeito’ filósofo vós devíeis compreender a grandeza da História e entendê-la dialeticamente. Observai a seguinte premissa menor: de um lado, propugnava um discurso do desenvolvimento, do progresso e da democracia no interior de um governo que, de fato, detém algumas características disseminadas por ti, porém, sem “motivo aparente”, decides romper com esse mesmo governo e desencadeastes uma intensa batalha de “acusação” e “críticas inférteis” contra o governo que servira recentemente com intensa e invejável satisfação; e, de outro, tentas, agora, desclassificá-lo em toda sua essência, questionando tudo que o governo fizera (cuidado com vossa língua, tenha cuidado com o espectro da coerência e, sobremodo, da ética; vós tendes uma irresistível e imensa facilidade para o campo camaleônico que compromete severamente tua quase identidade social). Seria mais sensato se mantiveres no silencio, pois, toda tua ladainha não provoca mais nenhum frenesi no seio da sociedade codoense, já deste teu contributo atestado de conduta reprovável. 
O item dois do inicio deste texto, define com bastante propriedade especialmente a parte “b” do mesmo “... e o modo de vida que não lhe pertence” (grifo nosso) que revela a insustentável leveza de tua alma e disseca o teu espírito social, denuncia concretamente o lado oportunista e chauvinista - que simboliza o conteúdo de teu discurso -, pois, renega a própria família e declaras, publicamente, um desejo insensato de ser filho da Família Imperial. E, por isso mesmo, sempre manifesta essa – e, orgulhosamente -, tendência em ser o “filho que a Família Imperial nunca teve”. Isso é terrível e, até mesmo, doentio. Caro ‘insuspeito’ filósofo o verdadeiro ser humano deve ter como principio a condição de gente, e ser gente é ser independente e autônomo, é possuir valor moral e ético, é lutar sempre pela dignidade, defender irrestritamente a verdade e o amor próprio e nunca anular a si mesmo, para agradar terceiros (coisa que vós eminente ‘insuspeito’ filósofo não é digno de conservar em si, tais elementos).
Ao reportar-me a esses elementos o faço apenas com a fina ironia de que para alçar vôos o ser humano não precisa se submeter a nenhum processo de degradação moral e servidão condenável. Mas em vós, isso é profundamente latente e revelador! Aquietai o vosso espírito e descansai dessa invencível batalha de querer ‘ser mais’ (de em si, para si) e, para atingir tal propósito agrega em torno de si as diversas manipulações vis; deixai que a própria História se encarregue de colocá-lo no seu devido tempo e no apropriado lugar: a lata de lixo.
Codó não merece expressão tão vulgar e maniqueísta que simboliza tamanha pobreza e raquitismo intelectual em seu quadro de “notáveis’, pois, ó temerário ‘insuspeito’ filósofo, vós sois, verdadeiramente, o anacronismo da imperfeição e a antítese da deficiência dos saberes. Comportai-vos e silenciai!

quarta-feira, 8 de junho de 2011

O CONCEITO PEDAGÓGICO DE RAIVA EM PAULO FREIRE: LINHAS PRELIMINARES PARAUMA TEORIA DA PRÁXIS DEMOCRÁTICO-LIBERTADORA


A concepção humanista-realista de Paulo Freire no campo educacional é demasiadamente humana. O conceito pedagógico da palavra raiva aplicado por Freire para demonstrar suas angústias, seus sonhos e utopias e decepções com a realidade educacional, trás consigo a insígnia do amor, da solidariedade, da paixão, da cordialidade radical. Em Freire o sentido macro da palavra em voga (raiva), dá a ideia de indignação e nojo ante a condição do individuo no contexto em que se relaciona social, econômica, cultural e, sobremaneira, educacionalmente. E é, exatamente, aí, o ponto nevrálgico de toda sua pedagogia pensada na tentativa de inverter a lógica dessa insensível realidade em que subsiste e sobrevive o sujeito histórico destituído de sua condição elementar: a dignidade. O analfabetismo para Freire é uma agressão estúpida produzida pela classe dominante para dominar os ‘esfarrapados do mundo’. Mas, a sua determinação e sua coragem explodem num fascinante mundo da perspectiva educacional histórico-humanista-ético-libertadora, a sua mais bela criação.
Em Freire a raiva ganha sentido de força e uma dimensão com expressividade, sem perder nunca a ternura e a paixão porque ele trabalha com a ideologia explicita da inquietante busca pela verdade e pela ética transformadora do sujeito histórico no e para o mundo. Não é tarefa fácil desmistificar o sentido dessa terminologia e cuja finalidade é atingir milhões de jovens e adultos destituídos do direito a uma educação digna e libertadora. A condição moral, social, econômica e educacional de dezenas e centenas de milhares e milhões de jovens e adultos não-alfabetizados que se tornaram o epicentro do pensamento freireano, condensa a imperiosa inflexão de instituir uma proposta moderna e progressista objetivando a renovação interior do homem escravizado por uma ideologia cruel e excludente.
Ao inserir o conceito pedagógico de raiva em seu discurso pedagógico, Freire, na verdade, tenta provocar uma discussão que coloque no centro o homem em sua totalidade como um ente que merece respeito em todas as dimensões imagináveis, independentemente, de sua condição cultural (letrado ou não), considerando que tal homem (sujeito histórico) possui uma história particular, existencial e, por isso mesmo, não pode ser posto como ‘incapaz’ e ‘inútil’ sob o ponto de vista da educação formal ou, mesmo numa dada sociedade. É neste sentido que Freire se sente ferido e, por isso mesmo, solta sua voz com o sentimento de raiva-indignação. Na fala de Freire o conceito pedagógico de raiva adquire uma perspectiva inovadora porque liberta; expressa felicidade porque ilumina o sujeito; gera expectativa porque possibilita uma nova vida e, por fim, remodela o intelecto, refaz o pensamento do sujeito sobre o mundo e estabelece a recriação de um novo homem. Freire é a própria identidade da raiva crítica e radical da indignação perante a condição humana-desumanizada pelo sistema capitalista expondo ao ridículo o sujeito não-alfabetizado naturalizando tal condição, o que, de fato, cria a separação social entre os desiguais, ou seja, entre os culturalmente abastados e formados e os desculturalizados e informalmente excluídos do sistema oficial de ensino e tal conjuntura expõe a negação de um elementar direito de cidadania.
Nesse processo em que Freire usa e abusa do pedagógico de raiva para deixar suas impressões a respeito da trágica realidade socioeducacional, ele não se contém de tanta esperança no futuro melhor para aquele/aquela que não tiveram oportunidade para se alfabetizarem na idade própria e, que, certamente, pressentirão a presença da beleza e da boniteza de ser gente quando perceberem em-si e, para-si, a importância da alfabetização. Aliás, Freire é apaixonado pelas gentes que ainda não se reconhecem como tal na condição de não-alfabetizados. A intensa paixão pedagógica de Freire transfere a multiplicidade do ‘ser mais’ e o ‘ser mais’ é ser o ser concreto interferindo no ciclo social rompendo os grilhões impostos pelos opressores de que a realidade social, econômica, educacional, cultural é impossível mudar, pois, ‘ela é assim’, e ‘assim deve permanecer’ e, no entanto, Freire, discorda visceralmente, desse discurso mecanicista-fatalista-positivista dominante. Para Freire não importa onde se encontram os desamparados, os esfarrapados, os desassistidos, os abandonados e os ‘sem nada’; ele quer sim, reafirmar a condição fundamental do indivíduo de reconquistar a perspectiva do possível e de forma irresistível, caminhar em direção à liberdade através do conhecimento apropriado concreta e materialmente revelado no processo de alfabetização. Essa é na verdade, a grande ousadia da filosofia freireana visando à transformação completa do alfabetizando.
Para Freire a definição pedagógica de raiva implica a mudança de postura do educando diante da realidade apropriando-se da generosa abertura da ciência que não é de uso exclusivo dos representantes da classe dominante e, assim, percebendo-se que são seres humanos, são gentes que vivem no mundo e que merecem respeito independentemente de sua condição socioeconômica, étnica, religiosa e, principalmente, educacional. Pois Freire não concebe a ideia da negação, pois, é impossível a convivência social saudável entre seres onde a dimensão fundamental da relação estabelecida deixa de existir para uma grande maioria e, passa a garantir privilégios para uma minoria abastada que desfruta de tudo e com gozo! Em Freire essa idéia é antagônica e inaceitável! Ele quer harmonia para todos, sincronia entre os desiguais para tornarem-se iguais não somente no papel, mas, essencialmente, na realidade concreta.
Por tudo que representou e representa de bom, de belo, de bonito, de espírito elevado, de esforço coletivo em defesa das maiorias oprimidas, contra a negação do direito, pela destituição e falência da ‘licenciosidade’ e pelo entendimento da riqueza dialética presente em cada sujeito histórico fazedor de História predomine a força intensa e a alma bondosa daquele que sem nenhuma ambição pessoal simbolizou e simboliza uma coletividade latino-americana e mundial na perspectiva da mudança e da transformação revolucionária de cada homem e de cada mulher pela educação libertária.
A única evidencia expressa por Freire em toda sua Pedagogia libertadora é a possibilidade de reconstruir e refazer a cultura e a história do sujeito alienado. Ele quer, no fundo, é transformar intelectualmente o sujeito histórico. E é nesta perspectiva que desejo provocar de forma dialética em cada ser, em cada educador, a necessidade de refletir a condição indescritível de operário do saber-fazer-e-fazer-saber na construção da identidade do sujeito não-alfabetizado.
Freire é assim: desafiador, profundo, apaixonado, inquietante, bonito, belo, resgatador de esperanças e almas, pedagógico e encantador. Quem conhece sua filosofia, não pode reagir com naturalidade e comiseração ante a realidade por ele criticada – impossível ficarmos impassíveis diante de sua grandeza pedagógica e riqueza intelectual - pois, em nada contribuiria para a mudança radical do processo de alfabetização dos não-alfabetizados.

terça-feira, 7 de junho de 2011

PAULO FREIRE: O MESTRE DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA


Diante da manchete explorada por um informativo que desdenha, debocha e, de forma sub-reptícia tenta ridicularizar-me perante a opinião pública, utilizando-se para isso, uma frase dita por mim numa reunião ocorrida na Escola Modelo Remy Archer; em que menciono o compromisso de educadores em relação ao ato de ensinar o educando em qualquer ambiente. Tal reprodução de minha fala contém uma finalidade: a tentativa de demonstrar o meu completo desconhecimento da obra de Paulo Freire. O gênio da filosofia educacional brasileira.
Bom, é muito interessante quando somos alvos de terceiros que visa deturpar o sentido de nossa opinião; vejo isso com muita tranqüilidade e serenidade, pois, entendo que, por trás do discurso antagônico, velado e mal-interpretado, o “espirituoso e cínico a-critico”, boceja algumas palavras altissonantes e tenta impingir um fato fantasmagórico e, ainda, ousa redefini-lo como se o mesmo fosse um terrível e horrendo equivoco de minha parte sobre a teoria freireana. Ao fazer referencia ao maior gênio da educação brasileira, o fiz para ilustrar que o verdadeiro educador, com espírito libertador, ensina-e-aprende e aprende-e-ensina em qualquer ambiente. Essa é a essência da pedagogia de Freire. Por sinal, Freire publicou uma obra cujo titulo é: À Sombra desta Mangueira (1.995). Seria interessante Sr. “espirituoso e cínico a-critico” que vós devíeis lê-lo para ter uma exata noção da dimensão do que é falar sobre a obra desse magistral pensador da educação brasileira.    
Sr. “espirituoso e cínico a-critico” devo alertá-lo de que minha formação intelectual é permeada em sua essência pela teoria freireana. Sou de ‘carteirinha’ defensor do Método Paulo Freire. Devo alertá-lo ainda, a importância do Método Paulo Freire para o nosso país. Não apenas pela sua inovação metodológico-pedagogica que custou seu exílio, no final da segunda metade da década de 1960, que lhe custou 16 anos de desterro entre França, Chile, Argentina e África; mas, sobretudo, por provocar no sujeito a indignação pela ausência da verdade, a proclamação da insuperável condição social em que se encontra tal sujeito e, também, fala presente do dominante da impossibilidade de mudar a realidade. Seria de bom grado Sr. “espirituoso e cínico a-critico” que fosse mais honesto consigo mesmo reconhecendo vossa sacrossanta estupidez sobre o valor da obra freireana, confesso-lhe que não sou detentor do saber absoluto e, particularmente, um douto na obra em questão, porém, reafirmo a condição de um assíduo e atento  leitor da mesma. Os ensinamentos contidos em suas obras expressam uma boniteza inexplicável, na verdade, Freire é pura paixão, é puro compromisso, é puro amor pelos esfarrapados, pelos desvalidos, pelos desfavorecidos economicamente; finalmente, é apaixonado pelos oprimidos do mundo inteiro; mas, muito mais do que paixão, compromisso, amor ele também nos impele com a mesma intensidade na busca apaixonada pela libertação do sujeito da cegueira intelectual - alienação cultural-ideológica -, permita-me introduzir tal definição nesse contexto de forma apropriada e oportuna.
A grande jogada da teoria elaborada por Freire é reeducar o jovem e o adulto numa perspectiva libertária, e, para isso, o mediador do processo de alfabetização utiliza-se da própria realidade do aprendente; recorre, portanto, dos elementos cotidianos presentes na vida dos alfabetizandos. A metodologia empregada trás consigo, a idéia fundamental da palavra GERADORA que, afinal, é o ponto de partida de todo o processo de alfabetização. A teoria freireana privilegia diretamente aquele/aquela alfabetizando/alfabetizanda que sonha resgatar sua capacidade reflexiva de ler e interpretar e vivenciar no e para o mundo numa perspectiva dialética e concreta da realidade social que permeia sua vida.
O princípio da teoria freireana é dotar o educando da possibilidade de ser protagonista da e na História de forma independente e autônoma. Pois, quando o educando adquire e apreende os elementos da realidade que o cerca, ele, obviamente, vai desenvolvendo de maneira meticulosa, a compreensão real de sua condição de sujeito e, ao mesmo tempo, percebe que as relações sócio-político-economico-cultural-educacional é obra de um sistema dominador/dominante que necessita ser transformado social e coletivamente. E para isso, ele precisa se libertar do conceito burguês que classifico de “liberdade aparente”. Vossa postura Sr. “espirituoso e cínico a-critico”, beira o ridículo e  o aproxima da cegueira intelectual, por desconhecer, verdadeiramente, o sentido imensurável, inesgotável da teoria freireana para transformar o homem num sujeito histórico - crítico e interventor. Crítico, por ser capaz de avaliar e compreender dialeticamente a realidade social em que vive; interventor, quando tiver participado das lutar por seus direitos sociais numa tomada de decisão resoluta, ou seja, fazer uma escolha, uma opção no contexto social. A escolha, por sua vez, traduz, necessariamente, a construção de uma identidade e a identidade simboliza a redenção de um homem na perspectiva de uma utopia social, de uma postura ética inabalável. Esse é, verdadeiramente, o papel da filosofia pedagógico-freireana na construção/reconstrução intelectual do sujeito alienado. Na verdade, a filosofia freireana é basicamente a relação de igualdade entre o educando e o educador na relação ensino-aprendizagem, tal teoria privilegia o educando e sua realidade concreta; essa é, portanto, a grande finalidade educativa, é o esforço por libertar o sujeito alienado das garras da escuridão e dos grilhões da dominação.  A grande lição que Paulo Freire nos ensina é a humildade. Toda sua inesgotável cultura, saber e conhecimento são traduzidos por sua invejável humildade.
O verdadeiro amante da arte de ensinar-e-aprender e, vice-versa, são aqueles que não medem esforços no sentido de resgatar o sonho de uma criança, de um jovem e de um adulto, no espectro da leitura e da escrita, elementos esses fundamentais para fazer a diferença em suas vidas futuras numa dada sociedade e em qualquer ambiente. Na realidade a teoria freireana tem como objeto a reinvenção do homem e da mulher na perspectiva da cidadania e da ‘ética humana’, é a possibilidade de se alcançar a utopia democrática. Na visão de Paulo Freire o homem e a mulher devem sonhar e lutar permanentemente por sua inviolável condição cidadã em qualquer parte do mundo. Não há na História da educação brasileira uma teoria tão profunda e revolucionária quanto à de Paulo Freire: o mestre da educAção libertária.