terça-feira, 6 de agosto de 2013

O VELHO E O NOVO: O QUE É ISSO?

O VELHO E O NOVO: O QUE É ISSO?
A idéia de mudança está intimamente ligada ao conceito do novo estabelecendo ruptura com o velho. A historiografia mundial especialmente na Europa, Ásia e no Norte da América, verificou-se alguns processos de ordem eminentemente políticos que traduziram essa conceituação numa concepção renovada (em 1789, a Revolução Francesa, em 1775-1783 a independência dos EUA da colonização da Grã-Bretanha e, mais recentemente, a Índia, se libertando também, da Inglaterra com Mahatma Gandhi – a Grande Alma -, no ano de 1947; na América Central, Cuba em 1959 e a China em 1949 e etc.). Partindo desses pressupostos históricos podemos imprimir uma avaliação mais contundente e, mais real sobre os últimos acontecimentos ocorridos em nossa Codó envolvendo os políticos que buscam incansavelmente manter o controle do aparelho de estado local. A disputa entre esses políticos assume uma conotação especifica: a de que só é possível transcorrer a disputa pelo poder político pelos representantes da burguesia. O resto é para ajuizar tal fato.
A comunidade codoense (denomino comunidade codoense os diversos setores classificados pela sociologia e sua estratificação social) está em sua grande maioria, completamente divorciada dos fatos políticos recentes – diga-se de passagem, sobre as decisões de cunho histórico tomadas pela Justiça Eleitoral e Ministério Público atingindo os principais líderes locais. O que está ocorrendo na internet sobre tal questão são alguns comentários velados e capciosos que não demonstram a totalidade da opinião pública, pois, percebe-se apenas a evasiva opinião truncada dos pseudocomentaristas argüindo posicionamento herético e distorcida, como se isso, fosse o pano de fundo da verdadeira mudança estrutural no campo político. Outro elemento que insurge como novidade, a partir da matéria postada pelo blogueiro Acélio estimulando a participação do que ele classifica como novo1 e cita um elenco de cidadãos - e, indistintamente -, todos, sob seu ponto de vista, são figuras públicas com capacidade política de serem uma esperança e uma novidade, entendendo assim, um momento de transição de um ciclo viciado completamente esgotado em que a presença predominante das denominadas “raposas” políticas antigas estão fora de questão para dar conta da atual contemporaneidade e suas implicações.
É necessário que façamos uma avaliação mais acurada e responsável sobre esse novo momento. Partindo de uma indagação: ocorrerá, de fato, uma eleição suplementar? Os elementos postos são suficientes? Se os são, inevitavelmente, seremos comunicados oficialmente pela Justiça. E a especulação deixará de ser mera especulação e tornar-se-á um fato concreto. E a partir dessa nova realidade, será o momento de mobilização e articulação entre os diversos campos e forças políticas estabelecendo o dialogo na perspectiva de fomentar a unidade na diversidade consolidando assim, um bloco ou, diversos blocos para disputar o aparelho de estado local.
Gostaria, no entanto, de aprofundar minha opinião sobre essa conjuntura que se apresenta e suas prováveis alterações. Primeiro desejo reafirmar que o processo crítico é construído sobre uma dada base real, portanto, existente. Segundo opero com uma categoria denominada dialética, objeto que trás elementos indispensáveis para uma formulação teórica de um fato social. Terceiro espero não ofender ninguém, pois, o verdadeiro propósito é avaliar com independência e autonomia a nova realidade social oriunda da política.
Iniciemos analisando o caráter político desse processo visando extirpar o véu que encobre o verdadeiro conteúdo político dessa batalha judicial e seus desdobramentos inefáveis.
O ponto fundamental esbarra numa dicotomia histórica: de um lado, a velha ordem sustentada pelas clássicas figuras tarimbadas que nunca tiveram a sensibilidade social de responder à altura às necessidades vitais da comunidade codoense bem como a processualização de um projeto político reformador capaz de proporcionar/alterar as relações sociais e as condições de vida da comunidade codoense - é o que classifico de mandatários conservadores. E, de outro, alguns elementos que – homens públicos pertencentes à classe trabalhadora dispostos a enfrentar os políticos tradicionais e conservadores, p. ex. a lista apresentada pelo blogueiro Acélio, com exceção de um nome que é oriundo da classe alta politicamente representa a extrema direita codoense -, timidamente, ousam enfrentar essa velha ordem. Temos, na realidade, uma eqüidistância bastante significativa quando a questão é a disputa entre os ‘revoltados’ – definição dada pela própria comunidade – no sentido de reafirmar o conteúdo da velha ordem e condenar os ‘revoltados’; como se os mesmos não tivessem a capacidade para governar e, isso, compromete de maneira profunda a perspectiva de inovação contra a velha ordem e a implantação de um modelo democrático e plural.
A perspectiva sob a possibilidade de se constituir uma alternativa nesse processo de alteração do velho e o surgimento do novo fica evidente uma coisa: o discurso propalado de que este – eleição suplementar - é o momento impar para a consolidação de uma unidade entre as diferentes forças opositoras aparece internamente uma dificuldade, a de quem, de fato, será o nome que simbolizará essa unidade e que tenha força social para aglutinar em torno de si uma parcela considerável da comunidade para legitimar tal mudança. O novo grupo que proclama para si a responsabilidade do papel renovador deve ter consciência plena da brutalidade que enfrentará durante o processo eleitoral, a velha ordem não se considera derrotada nunca e estará sempre procurando se safar para permanecer no controle do aparelho de estado local.
Na verdade, quando há uma viabilidade entre as distintas correntes opositoras ocorre um processo de estereotipização ao nome que vai representar a unidade opositora. Explicito tal fenômeno pelo fato de já ter se manifestado em nossa cidade na década de 1990. E o PT era o carro-chefe desse processo político! Houve equívocos tanto de ordem tática quanto estratégica e o resultado desse processo se manifestou na secundarização do PT que, por sua vez, perdeu o “bonde da história” e agora, serve somente de força para as elites comandarem o aparelho de estado local. Espero que nesse novo momento não seja reproduzido o mesmo receituário.
Essa ‘garotada’ – repito, com exceção de um dos nomes que representa a classe dominante e o pensamento dessa fração partidária é de extrema direita - apontada pelo blogueiro Acélio que acreditam na esperança e na mudança e expressam essa utopia deve ter os pés no chão, pois, uma disputa política contra a velha ordem requer ousadia, compreensão da realidade e, sobremodo, uma proposta alternativa democrática e transformadora.   
A comunidade codoense espera o quê do futuro? A continuidade da hegemonia da velha ordem sob os auspícios de “raposas antigas” que não conseguiram se renovar e ainda permanecem num estagio medíocre de fazer política consagrando e conservando práticas condenáveis e, assim, fortalecendo a cultura miserável do “é dando que se recebe?”. A comunidade codoense precisa se desvencilhar dessa cultura opressiva e atrasada e, para isso, necessita fazer uma opção política pela decisão autônoma e não pela influencia do dinheiro como condição elementar na relação de escolha e de projeto para a cidade.
À hora de irromper com os mecanismos fraudulentos e opressivos é a capacidade do cidadão-eleitor em resistir a influencia do dinheiro oferecido pelas “raposas” esfomeadas pelo poder. A nossa história já sofreu muito com a política de ‘p’ minúsculo.
O lampejo da mudança estrutural que tanto se deseja só será sentido pela comunidade codoense quando, efetivamente, ela decidir romper com o ciclo vicioso nefasto e optar pelo processo de liberdade e autonomia, independência e seriedade. Enquanto permanecer a prática cultural da dependência, da subordinação, da corrupção consentida e da opressão que gera a omissão, jamais haverá uma relação de igualdade contemplada pela coletividade na possibilidade da mudança fundamental.
Enfim, o debate posto sobre a crise política que assola nossa cidade e a perspectiva de mudança substancial está apenas no crepúsculo do inconsciente social, torna-se indispensável que sejam realizados encontros, seminários, conferencias com a finalidade de propor o chamamento de toda a sociedade para inteirar-se dos fatos. Os partidos políticos locais podem e devem realizar suas reuniões e, assim, colocarem-se como alternativas, sugerindo as mudanças necessárias diante do atual quadro de crise. A visível cultura dos partidos em se articularem apenas no período eleitoral compromete toda uma gama de ações mais sólidas com os atores sociais defendendo o programa partidário e acreditando nessa proposta; porém, ocorre um processo vazio de alternativa, ou seja, de repente, aparece um candidato afirmando que é a grande mudança quando na realidade, ele nunca esteve participando de nenhuma manifestação, não é popular, usa de quando em quando a mídia para reafirmar sua insatisfação política com o quadro atual e afirma que é independente e coisa e tal. Ora, fazer política é estabelecer um vinculo estreito com a camada popular permanentemente e, convenhamos, o nome que aparece é muito próximo e típico da cultura burguesa, gosta de status quo excessivamente.
O nosso município está prenhe de facções e tendências políticas cerceando o aparelho de estado local. E nesse pormenor, não se consegue vislumbrar uma alternativa. Basta olharmos os dirigentes e suas relações comprometidas com os setores conservadores, de direita, da extrema direita e, ainda, de centro. Mas o partido mais importante que poderia ser a grande alternativa no porvir próximo permitiu ser dominado e contaminado pelo discurso da extrema direita e abandona por completo seu projeto original de mudança estrutural. Na verdade, ele perdeu o vigor ideológico, cedeu à lógica capitalista e foi capitulado.
Um grande entrave revela a pobreza cultural e teórica das facções e tendências existentes, isto, pode ser observado pelo modo como se desenvolve os processos de luta – eles se dão, ocasionalmente – somente no campo da acusação, violência e da prepotência. Ainda não consegui vislumbrar uma notação teórica coerente e intensa sobre as condições materiais de nossa sociedade traduzindo dessa forma um programa mínimo na busca permanente de soluções para os problemas sociais históricos.
Por fim, proponho às facções, forças e tendências políticas que se digladiam sistematicamente pela apropriação do poder político, que trabalhem na perspectiva de construir um esboço propositivo de desenvolvimento para o município a médio e longo prazo e permita a ascensão de um contingente de trabalhadores desempregados melhorando as condições de suas vidas.
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¹. O conceito novo assume uma característica de renovo, ou seja, de diferente, de renovação e de mudança. Contudo, é fundamental que a sociedade civil organizada aproprie-se dessa nomenclatura de forma dialética para poder compreender o sentido verdadeiro utilizado pelos homens públicos quando o pronuncia e com que estratégia e finalidade para a sociedade civil. É indispensável que a comunidade apreenda esse conceito e formule sua própria teoria – mesmo que de forma simplista – em relação aos fatos e seus desdobramentos e, assim, tenha condições de fazer sua opção de maneira lúcida e autônoma. Portanto, o sentimento de mudança que interage no cotidiano do homem comum apontará para uma compostura mais densa na perspectiva dessa sonhada transformação social histórica. O ponto chave dessa postura se assenta na possibilidade da plena liberdade e na independência cultural, econômica, social, política e ética dos cidadãos que desejam a transformação de nossa ciade.                

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