Outrora, foi o mais navegado,
Viveu uma vida de agitação,
Teve em tua orla uma esquadra
Granjeaste notoriedade e respeito
Promovendo a revolução marítima
Permitiste a edificação do “Porto do Dique”
Que o tempo se encarregou de extinguí-lo.
O tempo passou e você envelheceu, porém,
Vives e respiras,
Tuas imensas margens sentiu,
A dor da destruição, teu lindo verde,
Perdeu a cor-vida,
Tuas límpidas águas,
Hoje, já não serve para abastecer e saciar
A sede do homem como dantes.
A modernidade e o progresso impuseram
Uma nova rota,
Baseada na ambição desmedida,
Canhestra,
Para ferir-te na alma e no coração.
Em nome da tecnologia globalizada
E do desenvolvimento econômico
Fizeram projetos
De curto prazo
E ganho real imediato
Provocando a distribuição rápida de tua vida.
Ao longo de tua extensão,
Banhas diversas
Cidades, todas,
Sem exceção, produzem,
Silenciosamente a morte cálida
Monstruosa de teu manancial.
Gravita um ar pesado
Contaminando,
Envenenando,
Rondando e titubeando
Em sua volta.
A construção de hospitais,
Fábricas e outros similares
Ao lado de suas margens
Demoliu tua essência, tua fertilidade,
Tua transparência.
Já não mais encantas,
Tua vegetação frondosa
Já não é a mesma,
Tua brandura foi quebrada.
Já não respiras o mesmo ar,
Tua imponência fora arrastada
Pelos detritos, dejetos e tantos
Outros resíduos que te sufocas;
Os peixes já não pulam de alegria,
E, sim, agonizam e pedem oxigênio,
Emergem sem forças para nadar ou respirar
Encontram-se à margem e ali mesmo despedem-se
De seu habitat.
O sol castigante queimam-lhes
Suas escamas e a ausência de água paralisam-lhes
Os seus suaves e melódicos movimentos,
A morte é a sua próxima parada.
Ô grande rio,
Não te apavores,
Tens ainda
Uma extraordinária força que te guardará.
Ô bravo guerreiro continue assim:
Forte,
Resistente,
Firme,
Imponente
E vingativo
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