terça-feira, 7 de junho de 2011

PAULO FREIRE: O MESTRE DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA


Diante da manchete explorada por um informativo que desdenha, debocha e, de forma sub-reptícia tenta ridicularizar-me perante a opinião pública, utilizando-se para isso, uma frase dita por mim numa reunião ocorrida na Escola Modelo Remy Archer; em que menciono o compromisso de educadores em relação ao ato de ensinar o educando em qualquer ambiente. Tal reprodução de minha fala contém uma finalidade: a tentativa de demonstrar o meu completo desconhecimento da obra de Paulo Freire. O gênio da filosofia educacional brasileira.
Bom, é muito interessante quando somos alvos de terceiros que visa deturpar o sentido de nossa opinião; vejo isso com muita tranqüilidade e serenidade, pois, entendo que, por trás do discurso antagônico, velado e mal-interpretado, o “espirituoso e cínico a-critico”, boceja algumas palavras altissonantes e tenta impingir um fato fantasmagórico e, ainda, ousa redefini-lo como se o mesmo fosse um terrível e horrendo equivoco de minha parte sobre a teoria freireana. Ao fazer referencia ao maior gênio da educação brasileira, o fiz para ilustrar que o verdadeiro educador, com espírito libertador, ensina-e-aprende e aprende-e-ensina em qualquer ambiente. Essa é a essência da pedagogia de Freire. Por sinal, Freire publicou uma obra cujo titulo é: À Sombra desta Mangueira (1.995). Seria interessante Sr. “espirituoso e cínico a-critico” que vós devíeis lê-lo para ter uma exata noção da dimensão do que é falar sobre a obra desse magistral pensador da educação brasileira.    
Sr. “espirituoso e cínico a-critico” devo alertá-lo de que minha formação intelectual é permeada em sua essência pela teoria freireana. Sou de ‘carteirinha’ defensor do Método Paulo Freire. Devo alertá-lo ainda, a importância do Método Paulo Freire para o nosso país. Não apenas pela sua inovação metodológico-pedagogica que custou seu exílio, no final da segunda metade da década de 1960, que lhe custou 16 anos de desterro entre França, Chile, Argentina e África; mas, sobretudo, por provocar no sujeito a indignação pela ausência da verdade, a proclamação da insuperável condição social em que se encontra tal sujeito e, também, fala presente do dominante da impossibilidade de mudar a realidade. Seria de bom grado Sr. “espirituoso e cínico a-critico” que fosse mais honesto consigo mesmo reconhecendo vossa sacrossanta estupidez sobre o valor da obra freireana, confesso-lhe que não sou detentor do saber absoluto e, particularmente, um douto na obra em questão, porém, reafirmo a condição de um assíduo e atento  leitor da mesma. Os ensinamentos contidos em suas obras expressam uma boniteza inexplicável, na verdade, Freire é pura paixão, é puro compromisso, é puro amor pelos esfarrapados, pelos desvalidos, pelos desfavorecidos economicamente; finalmente, é apaixonado pelos oprimidos do mundo inteiro; mas, muito mais do que paixão, compromisso, amor ele também nos impele com a mesma intensidade na busca apaixonada pela libertação do sujeito da cegueira intelectual - alienação cultural-ideológica -, permita-me introduzir tal definição nesse contexto de forma apropriada e oportuna.
A grande jogada da teoria elaborada por Freire é reeducar o jovem e o adulto numa perspectiva libertária, e, para isso, o mediador do processo de alfabetização utiliza-se da própria realidade do aprendente; recorre, portanto, dos elementos cotidianos presentes na vida dos alfabetizandos. A metodologia empregada trás consigo, a idéia fundamental da palavra GERADORA que, afinal, é o ponto de partida de todo o processo de alfabetização. A teoria freireana privilegia diretamente aquele/aquela alfabetizando/alfabetizanda que sonha resgatar sua capacidade reflexiva de ler e interpretar e vivenciar no e para o mundo numa perspectiva dialética e concreta da realidade social que permeia sua vida.
O princípio da teoria freireana é dotar o educando da possibilidade de ser protagonista da e na História de forma independente e autônoma. Pois, quando o educando adquire e apreende os elementos da realidade que o cerca, ele, obviamente, vai desenvolvendo de maneira meticulosa, a compreensão real de sua condição de sujeito e, ao mesmo tempo, percebe que as relações sócio-político-economico-cultural-educacional é obra de um sistema dominador/dominante que necessita ser transformado social e coletivamente. E para isso, ele precisa se libertar do conceito burguês que classifico de “liberdade aparente”. Vossa postura Sr. “espirituoso e cínico a-critico”, beira o ridículo e  o aproxima da cegueira intelectual, por desconhecer, verdadeiramente, o sentido imensurável, inesgotável da teoria freireana para transformar o homem num sujeito histórico - crítico e interventor. Crítico, por ser capaz de avaliar e compreender dialeticamente a realidade social em que vive; interventor, quando tiver participado das lutar por seus direitos sociais numa tomada de decisão resoluta, ou seja, fazer uma escolha, uma opção no contexto social. A escolha, por sua vez, traduz, necessariamente, a construção de uma identidade e a identidade simboliza a redenção de um homem na perspectiva de uma utopia social, de uma postura ética inabalável. Esse é, verdadeiramente, o papel da filosofia pedagógico-freireana na construção/reconstrução intelectual do sujeito alienado. Na verdade, a filosofia freireana é basicamente a relação de igualdade entre o educando e o educador na relação ensino-aprendizagem, tal teoria privilegia o educando e sua realidade concreta; essa é, portanto, a grande finalidade educativa, é o esforço por libertar o sujeito alienado das garras da escuridão e dos grilhões da dominação.  A grande lição que Paulo Freire nos ensina é a humildade. Toda sua inesgotável cultura, saber e conhecimento são traduzidos por sua invejável humildade.
O verdadeiro amante da arte de ensinar-e-aprender e, vice-versa, são aqueles que não medem esforços no sentido de resgatar o sonho de uma criança, de um jovem e de um adulto, no espectro da leitura e da escrita, elementos esses fundamentais para fazer a diferença em suas vidas futuras numa dada sociedade e em qualquer ambiente. Na realidade a teoria freireana tem como objeto a reinvenção do homem e da mulher na perspectiva da cidadania e da ‘ética humana’, é a possibilidade de se alcançar a utopia democrática. Na visão de Paulo Freire o homem e a mulher devem sonhar e lutar permanentemente por sua inviolável condição cidadã em qualquer parte do mundo. Não há na História da educação brasileira uma teoria tão profunda e revolucionária quanto à de Paulo Freire: o mestre da educAção libertária.

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