quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

POR QUE NÃO SOU CANDIDATO AO PARLAMENTO MUNICIPAL?



Dialogando com diversas pessoas – não apenas do meu circulo de amizade – mas, outras além, sempre indagando sobre a possibilidade de eu sair como candidato ao cargo de Vereador em 2012, já que ocupo a importante Pasta da Educação no governo. Contudo, a minha resposta tem sido sempre uma e a mesma: não tenho a menor pretensão de concorrer a uma cadeira no parlamento municipal neste momento, e, ao mesmo tempo, procuro de forma sintética explicitar minha posição que, de uma forma, ou de outra, tem certa radicalidade. Basicamente, são três argumentos utilizados pelos meus interlocutores sobre a possibilidade de minha candidatura ao parlamento municipal, a saber: 1. É o Secretário mais importante da gestão atual; 2. Realizou um conjunto de ações que valorizou o magistério municipal e, 3. Possui uma trajetória de luta política comprometida com a transformação social local através da luta político-partidária (PT).
É extremamente radiante ouvir elogios – isso, provoca em nosso ego uma massagem muito positiva e nos sentimos bem -, e, de igual modo, as críticas, que nos forçam a reavaliar a conjuntura presente e tentar acertar e fazer avançar o melhor; porém, há outros elementos a serem observados levando-se em consideração alguns fatos políticos reais e concretos sobre quem assumiu cargos de primeiro escalão e, em seguida, privilegiou as ações focadas tão-somente na perspectiva de disputa de um cargo político em detrimento da verdadeira função assumida. A história recente nos mostra claramente esses fatos!
Diante dessa constatação quero expor o seguinte para justificar a minha não-candidatura a uma cadeira no parlamento municipal:
1.      Historicamente, já tivemos experiências negativas de dirigentes que assumiram postos importantes na gestão pública e que utilizaram o cargo com a finalidade de concorrer um mandato outorgado pelo povo, contudo, o povo rejeitou a maioria desses candidatos oportunistas e corruptos;
2.      A sociedade civil como um todo ainda não degustou com a tranqüilidade devida todas as ações operacionalizadas pelo atual gestão; ainda que visíveis, como p. e., a política da infraestrutura: pavimentação e asfaltamento de várias vias urbanas, recuperação de estradas vicinais; 1.000 unidades residenciais do Programa Minha Casa, Minha Vida em parceria com o governo federal e etc.;
3.      Muito bem, sei da importância da Pasta da Educação, mas, a questão não é apenas ser o Secretário, mais sim, trabalhar com responsabilidade e compromisso para que, o reconhecimento pelo trabalho depreendido aconteça naturalmente, e, isso, demanda tempo. Portanto, não serei precipitado e não tenho a intenção de cometer o mesmo erro e equivoco de outrem, que não deu certo utilizando tal estratégia.
4.      De igual modo, tenho a plena convicção e consciência de que realizei um conjunto de ações que trouxe para o Magistério Público uma nova roupagem no que concerne à sua valorização e respeito. Além disso, proporcionamos outras ações que notabilizaram o município como um dos que melhor paga o Piso Salarial Profissional não apenas no interior do Estado, mas, também, do que Fortaleza, Teresina,  Alagoas, haja vista que todos adotam a jornada de trabalho de 40 horas.
5.      E, finalmente, sei que possuo uma história de luta muito densa e de larga experiência nos movimentos sociais, populares e sindical. E, para além, fui um dos principais protagonistas para a fundação do mais importante partido de esquerda da America Latina: o PT, meu grande filho em Codó. A minha intrépida luta não chegou ao fim com minha chegada ao poder e administrar a mais importante Pasta de toda e qualquer gestão: a Educação. Minha luta está para além dessa tarefa inconclusa, pois, a educação é um processo contínuo e permanente de implementação nas diferenças e inclusões.
6.      A nossa cultura ainda é permeada pela presença muito forte do nome que pretende disputar um determinado cargo público está associado ao poder econômico, bem como, à tradicional representação familiar. Isto constitui um grande equivoco por parte da comunidade em não estabelecer uma ruptura sobre esta forma de fazer política em nosso município e, mais ainda, tentar mudar de postura em como fazer sua opção política.
7.      Diante disso, não pretendo assumir uma candidatura precipitada e sem uma articulação mais sólida, com apoio de segmentos e instituições sociais progressistas. Entendo ser importante para um homem público ter a capacidade e a serenidade e saber avaliar o momento histórico objetivando apresentar-se como uma alternativa para promover uma radical mudança no comportamento, na postura e na conduta daqueles que optaram por fazer política com autonomia, independência, compromisso e serenidade.
8.       A decisão em não ser candidato ao Parlamento Municipal tem como fundamento a responsabilidade a mim atribuída para conduzir com espírito elevado a Pasta da Educação. E não usarei o Cargo Comissionado para transformá-lo em trampolim político, sendo oportunista, não, jamais serei um miserável e desprezível utilizando o Cargo para beneficiar-me politicamente.
9.      Sei o quanto é difícil renunciar a uma candidatura muito oportuna para sair vitorioso, contudo, devo asseverar, não tenho a capacidade para arquitetar atos reprováveis e sórdidos objetivando um sonho que, de uma, ou de outra forma, sentir-me-ei enojado pelo ato transgressor.
10.  Disputar uma cadeira no Parlamento Municipal não é tarefa das mais fáceis, pois, temos um currículo extremamente negativo de vários homens que passaram pelo nosso Parlamento e tornaram-se verdadeiros carniceiros do erário público. E no meu caso, não tenho a mesma cultura desses que transformaram o seu mandato em balcão de negócio, verdadeiros mercenários. Minha conduta prima exatamente pelo inverso dessa cultura doentia e desesperadora. Ser um Parlamentar com uma postura independente, autônoma e baseada na coerência de princípios é uma raridade no atual momento, entretanto, vo-lo afirmo, categoricamente, jamais irei utilizar desses expedientes profanos e violentos ante a sociedade civil organizada para perder, em definitivo, a minha credibilidade, jamais! Entendo que o Parlamentar é um homem público para defender as causas sociais e, sobretudo, fiscalizar as ações do governo de maneira equilibrada, sem criar fantasias e nem inventar conjecturas e trabalhar apaixonadamente em prol do município com isenção política.  
Minha tarefa e a minha luta em defesa de uma causa nobre e de uma cidade mais próspera e mais humana é a pedra de toque que carrego como principio basilar. A cidade que aprendi a amar, precisa urgentemente repensar a sua História. Não é mais possível hoje, a convivência com a prática da indecência, da imoralidade e da permissibilidade, no Parlamento Municipal como processo in natura; não é mais aceitável a conduta reprovável de certos dirigentes políticos que tentam postular uma cadeira no Parlamento Municipal institucionalizando-o na esteira da sobrevivência social e política, submetendo-se a mecanismos fraudulentos e licenciosos e, como consequência, engendra uma profunda revolta popular sobre si, enquanto homem público. O verdadeiro homem público não pode abdicar de seus princípios e de seus sonhos, para atender interesses estranhos à sua filosofia e ao que preconiza os ditames legais. O verdadeiro homem público deve consagrar, resolutamente, sua luta em nome da democracia, da liberdade, da igualdade, da equidade e do desenvolvimento e, ao mesmo tempo, confrontar as desigualdades numa perspectiva horizontalizada – ou seja, lutar para que haja um equilíbrio fundamental na redistribuição da riqueza entre os trabalhadores e cidadãos para viverem com um mínimo de dignidade.
Nunca neguei e nunca negarei a minha condição de lutador socialista! Minha filosofia política é na linha da concepção materialista da História. Aliás, devo asseverar que, nenhum sujeito histórico-dialético pode negar a materialidade como componente fundamental para a compreensão da realidade social e do mundo na possibilidade transformadora das estruturas dominantes. A minha vontade política associada ao desejo de criar as condições materiais e teóricas para reconstruir o convencional está para além do instrumento oficial, legalizado pela classe burguesa – no caso, o Parlamento -, como mediador dos problemas sociais.
Portanto, nesse momento, rejeito a ideia de querer ser postulante a uma cadeira no Parlamento Municipal. A História, certamente, reservará o momento apropriado num futuro não tão eqüidistante, para que minha luta, minha filosofia e minha concepção política sejam encaminhadas naturalmente, como uma necessidade intrínseca e essencial.  E o próprio povo com seu habitual senso racional acolherá e de bom grado o nosso projeto político alternativo. Afinal, o movimento pendular da História está sempre em movimento contínuo anunciando novos caminhos, novas perspectivas e novas lideranças.           

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